É sempre um prazer falar sobre o Festival do Cinema Italiano. Há vários anos (mais de 10), compareço ao evento de abertura, e depois acompanho os filmes. Nesta sexta-feira (dia 5), começa a 16ª edição. Mais uma vez, o evento apresenta o melhor do cinema italiano. Tem a mostra de filmes contemporâneos, com trabalhos de veteranos, como Pupi Avati (Ela Ainda Fala Comigo) e jovens estreantes, como Stefano Sardo (Uma Relação). O cinema de gênero também está no festival, assim como documentários e suspenses dramáticos. As sessões presenciais serão gratuitas, vão estrear nas salas de cinema do Petra Belas Artes. Oito dos filmes exibidos estiveram presentes na seleção do Festival de Veneza de 2021.
Também haverá o formato online. Este acontecerá de 05 de novembro até 05 de dezembro, através do site do Festival. Terá uma seleção de 16 filmes inéditos e 16 clássicos. Estes farão parte da retrospectiva “As mais belas trilhas sonoras do cinema italiano”. Entre elas, as de filmes de Federico Fellini (Os Palhaços), Sergio Leone (Era uma vez na América), Dario Argento (O Pássaro das Plumas de Cristal), Lina Wertmüller (Mimi, O Metalúrgico). As sessões também são gratuitas.
Os Nossos Fantasmas
O filme exibido na sessão de abertura foi Os Nossos Fantasmas, que foi exibido em Veneza. Ele terá duas exibições no Belas Artes. Domingo (dia 7), às 20h30, e terça (dia 9), às 15h45. Vale a pena conhecer, é adorável. Conta a história de Valerio (Michele Riondino, de Forever You) e seu filho de seis anos, Carlo (Orlando Forte). Eles moram no sótão da casa de onde foram despejados. Sempre que chegam novos inquilinos, eles os aterrorizam encenando a presença de fantasmas. Assim ficam com a esperança de voltarem a morar no apartamento abaixo. Para Carlo, é um jogo que o protege de uma vida miserável e de uma mãe ausente. E funciona por um tempo. Até que Myriam (Hadas Yaron) chega fugindo com a pequena Emma de um marido violento. O problema é que ela não tem medo de fantasmas.
A estrutura segue a linha das comédias românticas americanas. Mas como o filme é italiano, tem um pouco mais de drama. Você acaba percebendo na hora como essa história vai terminar. Mas tudo é feito com tanto charme – e inocência – que isso não é um problema. O mais interessante é que apesar do filme ter arcos ultra dramáticos, como o desemprego, a solidão, a violência contra a mulher, diretor Alessandro Capitani mostra a maneira de responder à tudo isso. Faz um filme de gestos e olhares. Um lugar onde a suspeita e a pretensão dão lugar à compaixão e à gentileza.
O elenco é sensacional. Mas o grande destaque é o garotinho Orlando Forte. Impossível não se apaixonar por ele. Tem uma naturalidade pouco vista anteriormente. Ele faz com que você não queira que essa história acabe.
Maiores informações sobre os horários e os filmes estão no site do festival: https://