Você provavelmente já ouve falar de A Mulher na Janela há muito tempo. O filme era para ter sido lançado nos cinemas em outubro de 2019. Mas ele foi mal em exibições-teste, e voltou para mudanças no roteiro e consequentes reshoots com o elenco. Depois a Fox, que produziu, foi comprada pela Disney, e o filme ficou pulando de um lado para o outro nas programações. Para culminar, veio a pandemia e, como tantos, saiu da programação da tela grande e foi para o streaming. O filme estreou hoje (14) na Netflix e dá pra entender a razão pela qual ele demorou tanto para chegar ao público.
A personagem principal é Anna Fox (Amy Adams) . Ela é uma psicóloga que sofre de agorafobia ( medo de lugares e situações que possam causar pânico, impotência ou constrangimento) . Acabou se tornando uma alcoólatra reclusa ao mesmo tempo que toma remédios para depressão. Ela passa os dias em seu apartamento em Nova York, assistindo a filmes antigos e observando seus vizinhos. Quando a família Russell se muda para o prédio da frente, Anna passa a espionar o que ela crê que seria a família perfeita. Até testemunhar uma cena chocante que vai mudar a sua vida completamente.
A crítica
O atraso para ser lançado, em tese, faria bem para a história. Em tempos de COVID, é mais fácil ter empatia por alguém que não sai de casa. Também há várias referências ao cinema clássico, com cenas de Laura, e claro, a mais óbvia, Janela Indiscreta. Isso sem contar outro filme pouco conhecido chamado Testemunha do Crime, de 1954. Mas, infelizmente, o roteiro baseado no best-seller de A.J. Finn (que eu não li) é cansativo. Alterna cenas muito boas com outros momentos chatos e repetitivos. Mostra situações que preparam para momentos altamente óbvios. Isso pelo menos para qualquer um que já viu um Hitchcock na vida.
E é uma pena e uma surpresa, especialmente pelos talentos envolvidos. O diretor Joe Wright fez o ótimo Orgulho e Preconceito. Ele ainda faz homenagens com takes que do rosto sobreposto à ação, que lembram De Palma e Hitchcock. A trilha sonora nervosa é de Danny Elfman. A fotografia escura e clautrofóbica com um lindo uso de tons fortes é de Bruno Delbonnel (Balada de um Homem Comum). E, é claro há o elenco.
O elenco
Para mim, Amy Adams é uma das melhores atrizes da atualidade ao lado de Charlize Theron. E assim como em Era uma Vez um Sonho, também da Netflix, ela se despe de qualquer glamour pra fazer essa mulher destruída. É sempre ótima. O resto do elenco também é incrível, tem até o pessoal de Falcão e o Soldado Invernal. Anthony Mackie é o marido, e Wyatt Russell, o inquilino (depois de Amy, ele é o que desponta no filme). E ainda Jennifer Jason Leigh, Brian Tyree Henry e os vencedores do Oscar Gary Oldman e Julianne Moore. Gary tem poucas chances, mas Julianne tem uma bela sequência ao lado de Amy. As duas grandes ruivas do cinema tem uma ótima cena. Mas que se torna um tanto cansativa na hora de seguir a trama (sem spoilers).
É uma pena, mas toda essa espera por A Mulher na Janela, acabou sendo bem desapontadora.