Quando ainda era menina, me lembro que a primeira vez que ouvi falar sobre autismo foi no filme Meu Filho, Meu Mundo, de 1979 ( não confundir com o recente Meu Filho, Nosso Mundo, disponível na Prime Video) . Depois disso, vieram vários deles como Rain Man, Código para o Inferno, entre outros. O filme brasileiro MMA – Meu Melhor Amigo, que estreou hoje nos cinemas, é o mais recente a abordar o assunto. Tem momentos tocantes, ainda mais pela experiência de Marcos Mion, que faz o papel principal, e tem um filho autista.
Mion é Max, um grande campeão de MMA que está enfrentando o fim de sua carreira. Ele está afastado do ringue enquanto se recupera de uma lesão séria no ombro. Quando descobre ser pai de um menino autista de 8 anos chamado Bruno, precisa enfrentar dois desafios. O primeiro o primeiro é compreender seu filho, conquistar seu carinho e reconsiderar seus valores. E ele também tem que se preparar para a maior luta da carreira, a sua última chance de uma grande volta.
O que achei?
É louvável que Marcos Mion use sua influência para fazer este filme, e ainda desmistificar pré-conceitos que as pessoas possam ter sobre o autismo. É também de se ressaltar que a produção da Star Productios, como sempre, é de alta qualidade, com fotografia, direção de arte, trilha sonora excelentes. Mas (você já sabia que viria um mas por aqui, né?), o filme tem alguns problemas. O primeiro deles é o roteiro. Eles usam um mix de todos os filmes americanos do gênero de luta/boxe. Estão lá situações -obviamente – de Rocky. Mas também de Menina de Ouro, O Campeão, Retroceder Nunca, Render-se Jamais, O Grande Dragão Branco, entre outros. Isso chega a ser incômodo.
E há também Marcos Mion. Ele não consegue sair da persona da TV que conhecemos – até tenta, é preciso ressaltar. E isso prejudica a empatia. Mas, é claro, há fatores bem positivos. Estou falando das participações de Antônio Fagundes como o pai de Max , Andreia Horta como a mulher que cuida de Bruno, e ainda Vanessa Giácomo, que tem somente uma cena, mas é sensacional. Isso sem contar o menino Guilherme Tavares, que faz Bruno. Ele já tinha feito outras participações em novelas e filmes, o mais recente sendo Chico Bento e a Goiabeira Maraviosa. Mas naquele filme seu papel é pequeno, e nada poderia supor o talento natural que proporciona grandes momentos aqui em MMA – Meu melhor Amigo.
O final também me incomodou. Sem spoilers, achei que o filme deveria terminar com a cena de pai e filho, mas o diretor José Alvarenga optou por um algo mais que, acredito, tira um tanto da força da história. Entretanto, é claro que muita gente vai se emocionar com a história, mas para mim, fica a sensação que poderia ser bem melhor.