Wes Anderson já tinha se aventurado pela técnica de stop motion antes, em O Fantástico Senhor Raposo, de 2009, baseado num livro de Roald Dahl. Agora, com A Ilha dos Cachorros, que chega essa semana aos cinemas, ele se aventura numa fábula ao estilo japonês, que inclusive lhe rendeu o Urso de Prata no último Festival de Berlin. É um belo filme, mas já aviso que definitivamente não é para crianças, especialmente as pequenas.
Atari Kobayashi é um garoto japonês de 12 anos de idade. Ele mora na cidade de Megasaki, sob tutela de seu parente, o corrupto prefeito Kobayashi. O político aprova uma nova lei que proíbe os cachorros de morarem no local, devido a algumas doenças que eles desenvolveram. Assim, todos os animais são enviados a uma ilha vizinha repleta de lixo. Só que o pequeno Atari não aceita se separar do cachorro Spots. Ele consegue roubar um avião em miniatura e parte em busca de seu fiel amigo. Ao chegar lá ele vai conhecer outros cachorro, que mesmo sem esperança alguma, resolvem ajudar o garoto.
Há vários momentos para deixar os amantes de cachorros com um nó na garganta, como foi o meu caso. Mas Wes sabe fazer crítica social como ninguém, e a tristeza, revolta e diversão se alternam durante todo o filme. Ele, com certeza, vai fazer você pensar no que o mundo faz em termos de ecologia, política, direitos dos animais (e das pessoas), além da liberdade de expressão. Nos tempos em que vivemos, é uma história altamente relevante.
Outro charme do filme é o número de astros que fazem a dublagem dos personagens. Os cães são os principais, e têm algumas vozes que, com certeza, você vai reconhecer, especialmente de outros filmes do diretor. Bryan Cranston arrasa como Chefe, o líder. mas ainda há Edward Norton (Rex), Bill Murray (Boss), Jeff Goldblum (Duke) e Scarlett Johansson (Nutmeg), entre outros. Alguns humanos também tem vozes conhecidas. Greta Gerwig é a estudante Tracy Walker, Frances McDormand é a intérprete, Courtney B. Vance é o narrador, e tem até Yoko Ono, como a cientista – assistente… Yoko – Ono. Rs!
É óbvio que o diretor adora o cinema japonês já que há várias homenagens/referências, inclusive aos filmes de Akira Kurosawa. Também são tantos detalhes na cenografia que é impossível perceber todos eles numa única sessão. Também achei interessante a escolha do diretor de não dublar os personagens japoneses, e mesmo assim, fazer com que todos entendam exatamente o que está se passando. Apesar de nãos ser para todos os públicos, é com certeza um dos melhores filmes de Wes Anderson.