Confesso que um dos atores que mais admiro atualmente no cinema é Joel Edgerton. O interessante é que ele não é bonito (mesmo), nem sexy, nem é um ator tão fantástico assim. Mas ele sabe como ninguém escolher seus projetos, onde suas participações funcionam perfeitamente, e você acaba querendo ver mais. Eu confesso que mesmo tendo lançado um filme com ele chamado Corrida rumo ao Sol, com Halle Berry, há exatos 20 anos, só fui reparar no ator há pouco tempo quando ele foi Ramsés em Êxodo: Deuses e Reis. É claro que depois disso, passei a pesquisar e perceber que ele estava em todos os lugares (rs), mas com o óbvio destaque para o interessantíssimo O Presente (que ele dirige e estrela), e Loving (disponível no aplicativo looke.com.br), pelo qual ele merecia uma indicação ao Oscar. E agora chega aos cinemas o ótimo Ao Cair da Noite.
Com direção e roteiro de Trey Edward Shults (do premiado Krisha, disponível na Netflix), o filme narra a história de um homem, vivido por Joel, que lida com grandes terrores após uma ameaça não identificada (zumbi) aterrorizar o mundo. Seguro em um lar isolado, ao lado de sua esposa e filho, ele vive medo, dor e paranoia. Mas quando um jovem casal e seu pequeno filho são acolhidos pela família, a desconfiança parece estar sempre presente, ao mesmo tempo em que os horrores do mundo exterior parecem cada vez mais próximos. Só que os horrores vividos dentro da casa, podem ser muito piores.
Adoro esse tipo de suspense/terror em que você vê muito pouco. O que assusta realmente é a escuridão e o que ela esconde. Apesar de minha menção a zumbis, nada é sensacionalista, você não vai ver gente caindo aos pedaços querendo morder o outro. Não, não se trata disso. Mas as similaridades com The Walking Dead partem do princípio que os zumbis, ou o que você não vê, são o que menos importa. O medo do desconhecido, do que pode estar por trás de uma porta vermelha, seja alguém ou um vírus, é o que realmente assusta.
Joel Edgerton é, além do ator principal, também o produtor executivo. Mais uma prova de seu faro pelo que é interessante e cinematográfico. Ele tem uma atuação contida, e no início, por causa até da própria situação em que é apresentado, é até difícil reconhecê-lo. Outro destaque é Riley Keough, mais conhecida como a neta de Elvis (sim, filha de Lisa Marie Presley), que cada vez mais se apresenta com uma atriz magnética e um forte presença.
No final, com todas as suas surpresas, reviravoltas até o último minuto, Ao Cair da Noite deixa uma sensação de filme diferente, já que você espera que a qualquer momento ele entre num caminho de apostas fáceis, aquelas que todo o fã de filme de terror conhece. Só que isso nunca acontece. E por isso assusta mais ainda.