Sabe aquele tipo de filme que faz você chorar numa cena e no momento seguinte faz você começar a rir incontrolavelmente. Para mim, um grande exemplo é Flores de Aço, numa cena entre Sally Field – que, aliás, é mestre nisso – e Olympia Dukakis. Pois A melhor Escolha, que estreia esta semana nos cinemas, também tem vários desses caminhos. Dirigido por Richard Linkater – que concorreu ao Oscar por Boyhood: Da Infância à Adolescência -, o filme faz rir , emociona, e ainda proporciona uma boa história com grandes atores.
Trinta anos após servirem juntos no Vietnã, o ex-marinheiro Larry Doc Shepherd (Steve Carell) vai em busca de seus companheiros da época, o dono de bar Sal Nealon (Bryan Cranston) e o reverendo Richard Mueller (Laurence Fishburne). O objetivo só será revelado depois: ele quer a companhia dos dois para o momento de enterrar seu filho, um jovem marinheiro morto na guerra do Iraque.
O filme tem um pouco de tudo, além de drama e comédia, ele é essencialmente um road movie, ou filme de estrada, que acompanha a jornada desses personagens, tão ricos e interessantes. Desde o primeiro momento, numa interpretação incrível de Steve Carell, é claro que Doc leva o mundo nos ombros. Há ainda um segredo entre eles sobre algo que aconteceu no Vietnã e que levou à morte de um outro colega. Isso ainda assombra cada um.
Na verdade, o filme é baseado em um livro, que pretende ser uma sequência de A Última Missão, filme famoso dos anos 70, com Jack Nicholson, sobre um grupo de marinheiros que pretende ter uma última noite de diversão antes de levar um prisioneiro para a cadeia. Mas, segundo o diretor Linklater, as histórias não estão conectadas.
O filme ainda presta uma homenagem àqueles que lutam, não ao exército como um todo, mas aqueles pequenos heróis que vão para a frente de batalha. Isso é lembrado a todo o momento, principalmente nas atuações de Cranston – ótimo – e Carell – super contido e perfeito. O personagem de Laurence Fishburne não é tão bom, e não dá grandes chances ao ator.
O certo é que apesar de não parecer um filme de Linklater, nada a ver com Boyhood ou a trilogia do Amanhecer, o filme tem seu charme. Graças a seus atores, terá um grande apelo especialmente para homens de meia-idade, que adorariam passar por uma aventura como essa.