Quando eu era menina, assistir a um filme dos Trapalhões no cinema era um acontecimento. Tanto que durante muitos anos ele foi o maior recordista de público do cinema nacional. O tempo passou, e Renato Aragão resolveu voltar ao cinema. Escolheu aquele que é considerado o melhor filme do quarteto, Os Saltimbancos Trapalhões, de 1981, e resolveu fazer uma espécie de sequência daquele filme, Os Saltimbancos Trapalhões: Rumo a Hollywood, que estreou nos cinemas esta semana. No caminho para assistir, pensei se o gênero, se aquele estilo de comédia circense, teria público nos dias de hoje, com todo mundo super conectado e acostumado a efeitos visuais inacreditáveis. Claro, nem Renato, como seu alter ego, Didi Mocó, nem Dedé Santana, os trapalhões remanescentes, tem a mesma agilidade para fazer aqueles sketches físicos que fui acostumada a ver quando menina. Mas a comédia inocente me fez rir, e sorrir, e me emocionar outra vez.
Didi Mocó (Renato Aragão) terá a difícil missão de salvar o Grande Circo Sumatra da crise financeira causada pela lei que proíbe a participação de animais em espetáculos. Mas ele não estará sozinho nessa. Apoiado por Karina Bartholo (Letícia Colin) e pelo inseparável amigo Dedé (Dedé Santana), Didi decide criar um novo espetáculo inspirando-se em sonhos mirabolantes com animais que falam e lhe dão conselhos misteriosos. Só que a trupe do circo vai precisar enfrentar ainda os golpes do vigarista Satã (Marcos Frota) e do manipulador prefeito Aurélio Gavião (Nelson Freitas), que vão se aproveitar do desespero e da ganância do dono da companhia, Barão Bartholo (Roberto Guilherme, parceiro de sempre dos Trapalhões).
Um dos grandes atrativos dos Saltimbancos de 1981 eram as músicas de Chico Buarque, que depois foram usadas em um musical de teatro de Claudio Botelho e do Charles Möeller. Elas retornam aqui com direito a coreografias modernas e novos arranjos. Mas o divertido é que tantos anos depois, eu ainda me lembrei de todas as músicas e entrei no espírito do filme cantarolando internamente junto com os personagens. A linda Letícia Colin funciona como a mocinha e eu fiquei realmente surpresa com Emílio Dantas como o “mocinho”. Depois de vê-lo como vilão em novela, achei que ele se sai muito bem do outro lado da história. E até canta! O filme ainda têm Lívian Aragão (filha de Renato, e que se sai bem), Rafael Vitti (quem inventou aquele bigode?), Maria Clara Gueiros, Alinne Moraes e Dan Stulbach, numa participação divertidíssima.
É provável que o filme não alcance aquele sucesso do passado. Afinal, como já disse, os tempos são outros. Mas para crianças pequenas e para todos aqueles que foram crianças que adoravam Os Trapalhões, ele é um programa divertido. E emocionante! Desafio você a não ficar comovido com aquele final. Eu fiquei, e recomendo!