Minha primeira experiência com o cinema de David Cronenberg foi com A Mosca. Foi também minha primeira participação numa sessão exclusiva para a imprensa, no antigo Cine Bristol (sim, faz tempo!!). Realmente uma experiência inesquecível. Eu já tinha visto A Mosca da Cabeça Branca, filme no qual é baseado. Mas nada havia me preparado para uma experiência tão nojenta e ao mesmo tempo tão fascinante! Hoje, seu diretor faz 71 anos. É motivo para comemorar uma carreira tão sem igual. Hoje ainda dá tempo de festejar pois o Telecine Cult está exibindo Cosmópolis, seu último filme que passou nos cinema, com Robert Pattinson e Juliette Binoche.
Após um início dirigindo curtas e filmes para TV, Cronenberg teve seu primeiro grande sucesso com Scanners – Sua mente pode destruir. Estrelado pela hoje quase esquecida Jennifer O’Neill, contava a história de um homem com poderes mentais que é enviado por um cientista para caçar outros como ele. Lembro-me bem do impressionante poster e da super comentada cena de uma cabeça explodindo. Só fui ver o filme anos depois (não tinha idade suficiente na época). Apesar de ter envelhecido um pouco, ainda tem momentos marcantes.
Depois de Videodrome – A Síndrome do Vídeo e A Hora da Zona Morta, chegou um dos maiores sucessos da carreira, A Mosca. Estrelado pelo casal (também na vida real na época), Jeff Goldblum e Geena Davis, contava a história do Dr. Seth Brundle, que faz uma experiência com o transporte de matéria mas sofre um grande problema quando uma mosca entra no aparelho que ele testa consigo mesmo. Foi um acontecimento na época. Ganhou inclusive o Oscar de melhor maquiagem. Ainda hoje, inesquecível!
Gêmeos – Mórbida Semelhança deu continuidade ao universo doentio de Cronenberg. Aqui Jeremy Irons faz o papel duplo como dois gêmeos ginecologistas que vivem uma relação louca passando mulheres de um para o outro sem que elas saibam. O problema é quando um deles se apaixona por uma atriz. Algumas cenas, com o uso de instrumentos ginecológicos, são particularmente incômodas. mas o filme e especialmente Irons são brilhantes.
Lancei Crash – Estranhos Prazeres em vídeo e foi um filme bem difícil de comercializar. Principalmente porque falava de pessoas que se sentem excitadas com o perigo de um acidente de carro. James Spader (jovem e com cabelo) tenta recuperar a chama de seu casamento vivendo momentos extremamente perigosos. Doentio era pouco. Mas o filme era extremamente bem realizado e traz uma das melhores interpretações de Holly Hunter.
Marcas da Violência é talvez meu filme preferido do diretor. Provavelmente porque ele não esteja tão doentio (só um pouco). Tom ( Viggo Mortensen) é um homem comum que vira um herói após salvar os clientes de seu restaurante de um assalto. Só que a mídia atrai a atenção de uma pessoa que tem certeza que Tom é alguém que o enganou no passado. O perigo mais uma vez começa a rondar a vida da pacata família de Tom. William Hurt foi indicado ao Oscar de coadjuvante e Maria Bello ao Globo de Ouro de melhor atriz mas todo o elenco está soberbo!
Outro grande filme do diretor é Senhores do Crime. Novamente com Viggo Mortensen (desta vez indicado ao Oscar).fala sobre a máfia russa. Naomi Watts faz o papel principal sobre uma mulher que descobre um diário que lhe dá pistas sobre vários crimes. A cena da luta de Viggo na sauna, sem roupa, tem uma coreografia soberba.
Sonny Corleone
16 de março de 2014 às 11:21 pm
Adoro “A Mosca” – escatologia nos urtimo 🙂