Ryan Coogler e Michael B. Jordan são parceiros no estilo Scorcese e DeNiro (ou DiCaprio). Dos 5 filmes que Coogler dirigiu, Michael estava em todos eles ( em Pantera Negra: Wakanda para Sempre ele faz uma pequena participação) . E agora eles estão juntos de novo em Pecadores, que estreia nessa quinta nos cinemas. O filme mistura vários gêneros, e em sua segunda parte faz uma grande homenagem a Um Drink no Inferno. Gostei muito – pra mim é o melhor filme de Coogler!
Michael B. Jordan interpreta irmãos gêmeos que voltam à sua cidade natal nos anos 30, com o objetivo de reconstruir a vida. Com a ajuda de um primo músico ( Miles Caton), e vários amigos, eles resolvem abrir um bar de blues no meio do nada. Só que uma força maligna passa a persegui-los, trazendo para a superfície medos e traumas. Esse mal busca tomar conta da cidade e de todos os cidadãos, obrigando-os a lutar para sobreviver. Mais do que contornar os demônios famintos por poder (e sangue), os gêmeos terão que lidar com as lendas e os mitos ameaçadores que podem estar por trás desse terror.
O que achei?
O filme se divide em duas partes . Na primeira, parece que vai se desenvolver um drama de época sobre os irmãos que voltam para sua cidade , depois de trabalharem com Al Capone e ganharem muito dinheiro. É o reencontro com pessoas do passado e um tentativa de recomeçar enfrentando o preconceito e o medo. Mas é preciso deixar claro que apesar de atirarem sem dó, roubarem, e serem violentos , os irmãos tem uma camada lá no fundo de bondade. Percebe- se inclusive quando reencontram as mulheres de sua vida. Apesar de terem deixado as duas para trás, é bem claro que ainda tem sentimentos por elas. Na segunda parte, a coisa muda completamente com a entrada do personagem de Jack O’Connell , um irlandês procurado pela tribo indígena e que tem algo demoníaco dentro de si mesmo. E a partir daí vai começar a parte Um drink no Inferno da história.
Pecadores tem uma inspiração clara também na história de Robert Johnson que teia vendido sua alma ao diabo em busca de fama e fortuna na música. Ryan Coogler homenageia claramente o blues e suas diversas linhas. É interessantíssimo o que ele faz com uma festa no bar onde passado, presente e futuro se misturam pela influência da música de Preacher Boy. Aliás, que voz incrível de Miles Canton, que é um cantor de R&B em sua estreia no cinema. Na história, é a voz dele, que é tão perfeita, que chama a atenção dos demônios. Fica aqui também o destaque para os números musicais , todos lindos e muito bem filmados.
O elenco
E o elenco é uma atração à parte! Michael B. Jordan consegue diferenciar bem os dois irmãos gêmeos, mas de um jeito extremamente sutil. É preciso destacar também os efeitos que mostram os dois sempre juntos num mesmo enquadramento. Sem contar a cena logo no início, em que eles passam um cigarro um para o outro. Sensacional. Mas não é só Michael que está muito bem. Tem Delroy Lindo, ótimo como sempre. Hailee Steinfeld e Wunmi Mossaku , duas atrizes que gosto demais, arrasam como os interesses amorosos dos dois irmãos. E claro, Pecadores tem no final uma participação mega especial do grande músico Buddy Guy.
E no final…
Pecadores foi filmado em 15/70mm IMAX e Ultra Panavision 70mm . Para isso inclusive teve a ajuda de Christopher Nolan e de sua mulher, Emma Thomas ( tem agradecimento para os dois no final) . Por isso minha sugestão é que o filme seja visto numa tela bem grande para se ter uma exata sensação do espetáculo. Eu achei sensacional! Ah, e tem duas cenas nos créditos. A primeira logo no início, fecha a história. A segunda bem no final é uma delícia de ver – e ouvir.
