Drive my Car ganhou praticamente todos os troféus de filme estrangeiro das principais premiações. Globo de Ouro, BAFTA, Critics Choice. No Oscar, concorre a quatro prêmios, filme estrangeiro (representando o Japão), roteiro adaptado, direção (Ryûsuke Hamaguchi) e melhor filme. Para mim, é surpreendente que o filme tenha deixado de fora da lista outros que, na minha opinião, mereciam muito mais esse lugar entre os 10 finalistas. É o caso de A Tragédia de Macbeth e Tick tick boom, só para citar dois. Isso porque o filme é chato e interminável com suas 3 horas de duração. Ele estreia nessa quinta (17) nos cinemas e no dia primeiro de abril no streaming do MUBI.
O filme é adaptado de um conto de Haruki Murakami. Segue a história de Yusuke Kafuku (Hidetoshi Nishijima), um ator e diretor de sucesso no teatro. Ele é casado com Oto (Reika Kirishima). Ela também é uma roteirista com muitos segredos, com que divide sua vida, e colaboração artística. Quando uma tragédia acontece, Kafuku fica com muitas perguntas sem respostas. Dois anos depois, ele aceita dirigir uma peça no teatro em Hiroshima, embarcando em seu precioso carro Saab 900. Lá, ele conhece e tem que lidar com Misaki Watari (Toko Miura). Ela é sua jovem motorista, com quem tem que deixar o carro, mesmo a contragosto. Apesar de suas dúvidas iniciais, uma relação muito especial se desenvolve entre os dois.
O que achei de Drive my Car?
O filme é tedioso e parece não ter fim. O início até parece interessante, com a história do casal. Mas passados 40 minutos, quando Kafuku começa sua jornada em Hiroshima – e os créditos finalmente são exibidos – tudo começa a ficar chatíssimo. Isso porque, o diretor obviamente pretende contar algo sério e importante. Sobre como lidar com o luto e sobre como ir em frente. Mas não consegue alcançar seu objetivo. E tenta, durante todo esse tempo, fazer com que o público acompanhe uma história sombria e tediosa.
O diretor inclui no meio da história trechos das duas peças para as quais Kafuku está se preparando. Primeiro Esperando Godot e depois Tio Vanya. São diálogos e mais diálogos que pretendem traçar um paralelo com a situação de Kafuku. Só que são apenas momentos que dispersam, e não chegam a lugar algum. Falando em chegar a algum lugar, são infindáveis as cenas do carro indo de um lado para outro. Isso sem contar os inúmeros túneis que ficamos conhecendo de cabo a rabo. E nada acontece…
Boa parte da crítica, e dos votantes da Academia aparentemente, embarcaram nessa história. Entretanto, em minha opinião, é pretensiosa, cansativa. Os personagens não atraem, não envolvem – com exceção da jovem atriz muda. No final, onde aparentemente todos encontram sua redenção, foi impossível para mim não sentir cansaço. E uma vontade irrefreável que tudo acabasse logo.