É bom dar alguns avisos para quem pretende assistir O Farol, que estreia hoje nos cinemas. Primeiro, não é um filme de terror, como o anterior do diretor Robert Eggers, A Bruxa. Na verdade é uma jornada de dois homens que vão deixando a loucura dominar. É filmado em preto e branco. Só tem dois atores, Robert Pattinson e Willem Dafoe. E, principalmente, Robert Pattinson está bem diferente de Crepúsculo. Então, se você acha que pode ter preconceito com algum dos fatores citados, é melhor nem ir assistir. Mas, se isso não for um problema, verá um filme instigante, incômodo e muito bom, com dois atores em momentos de ápice de suas carreiras. Sim, eu gostei de O Farol, mas aviso que ele não é para todos os gostos.
A história
A história se passa em 1890. Thomas Wake (Willem Dafoe), responsável pelo farol de uma ilha isolada, contrata o jovem Ephraim Winslow (Robert Pattinson) para substituir o ajudante anterior e colaborar nas tarefas diárias. No entanto, o acesso ao farol é mantido fechado ao novato, que se torna cada vez mais curioso com este espaço privado. Enquanto os dois homens se conhecem e se provocam, Ephraim fica obcecado em descobrir o que acontece naquele espaço fechado, ao mesmo tempo em que fenômenos estranhos começam a acontecer ao seu redor.
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A filmagem e o elenco
Em seu segundo filme, o diretor Robert Eggers flerta com o artístico, o enlouquecido, o sobrenatural, o drama. É até difícil determinar um gênero. Eggers também inovou ao usar câmeras e filmes especiais. O filme foi feito com uma câmera Panavision Millennium XL2, combinada com lentes vintage Baltar , que foram usadas de 1918 até 1938. Com isso, o formato da tela é praticamente quadrado, aproximadamente 1.19:1. O resultado é algo diferente, do ponto de vista técnico, de tudo que foi visto em tempos recentes no cinema. Para mim, que sempre adorei filmes em p & b, é uma experiência sensacional.
Diz a lenda que a produção também deve ter sido bem difícil, já que aconteceu em um lugar gelado, ventos intensos num lugar chamado Cape Forchu, no Canadá. Isso dá inclusive uma sensação ainda mais de abandono e solidão à história, mostrando bem a razão do enloquecimento dos dois persoangens. Já a atuação de ambos, tanto de Willem Dafoe, como de Robert Pattinson são superlativas. A gente já sabe que Willem Dafoe é o máximo – ele inclusive já ganhou o prêmio Satellite, como melhor coadjuvante. Mas, na verdade, a atuação que mais me chamou a atenção – e surpreendeu – foi a de Robert Pattinson. Sua lenta descida à loucura e obsessão é brilhante.
Os dois atores estão concorrendo ao prêmio Spirit, assim como o diretor Eggers, montagem e a fotografia primorosa. Surpreendentemente, o filme e seus atores ficaram de fora do Globo de Ouro, do Critics Choice e do SAG’s. Uma injustiça. Talvez o filme tenha sido incômodo demais para a maioria. Para mim também foi, mas isso o torna ainda mais brilhante.