Quando estreou nos cinemas tanto aqui como nos Estados Unidos, Rush – No Limite da Emoção foi um fracasso de bilheteria. Talvez porque já faz muito tempo que a Fórmula 1 era um programa obrigatório das manhãs de domingo. Mas nada é mais injusto. Primeiro porque o filme é muito bom e segundo porque a Fórmula 1 é apenas o pano de fundo para contar esta história de dois rivais fascinantes e altamente competitivos. Agora, não perca a oportunidade de assistir ao filme em DVD ou Blu-Ray, disponível para venda ao consumidor. As imagens são incríveis e têm que ser vistas.
Dirigido pelo premiado Ron Howard, um entusiasta de automobilismo, o filme conta a história de uma época que não existe mais na Fórmula 1. Nos anos 70, os pilotos eram totalmente responsáveis pelas decisões que seriam tomadas durante a corrida, sem computadores dizendo qual a hora de mudar a marcha ou qual a volta para trocar os pneus. E dois de seus grandes nomes eram James Hunt e Niki Lauda. O primeiro era um playboy inglês que apreciava belas mulheres, bebia muito e adorava correr como se não houvesse amanhã. O segundo era um austríaco, totalmente cerebral, que não permitia que coisa alguma atrapalhasse seu objetivo.
O filme já começa revelando as duas facetas que definem muito bem o perfil de cada um. E acompanha suas escolhas na vida pessoal e profissional até o grande enfrentamento durante o campeonato mundial de 1976. Mostra ainda de maneira muito divertida, a participação que Emerson Fittipaldi, o bicampeão brasileiro, teve nessa história. Emerson deixou vago um lugar na equipe McLaren para montar a desastrosa escuderia Copersucar. Com isso deu a oportunidade para Hunt, que teve então um carro mais competitivo para enfrentar Lauda. O personagem Emerson também aparece na cena chave da reunião de pilotos onde decidem que a corrida fatídica da Alemanha deveria ocorrer, mesmo com todos os problemas de segurança.
As cenas do acidente, além de todas que envolvem as corridas são brilhantemente filmadas por Howard. Com certeza, o melhor resultado desde o clássico Grand Prix, de 1966. Mas até mesmo isso é secundário quando você analisa a forma como o roteiro mostra estes dois fascinantes personagens e seu relacionamento. No papel de Hunt, Chris Hemsworth (Thor) dá um grande passo para se firmar como um bom ator e não somente como um galã (apesar de que ele nunca esteve tão sexy e lindo como aqui). Já Daniel Bruhl, ator alemão que esteve em Bastardos Inglórios, encarna Lauda com perfeição. O modo de falar, a expressão corporal e especialmente o olhar determinado. Em vários momentos, a semelhança chega a ser assustadora. Ele foi indicado a vários prêmios mas perdeu sempre para Jared Leto (Clube de Compras Dallas)
- A incrível semelhança entre Niki Lauda (esquerda) e Daniel Bruhl.
Um dos melhores filmes a estrear do ano passado, Rush – No Limite da Emoção traz ainda participações interessantes de Natalie Dormer (Game of Thrones) como a enfermeira, a quase desconhecida Alexandra Maria Lara como Marlene, esposa de Lauda. E é claro, Olivia Wilde, como Susan, a esposa de Hunt, que acabaria trocando-o por Richard Burton.
O filme termina mostrando ainda imagens dos dois corredores. Hunt, pouco antes de sua morte em 1993, e Lauda como está hoje. É tocante! Nos faz admirar estas duas figuras e também o cinema de Ron Howard, naquele que é talvez seu melhor filme.
Eliane Munhoz
Liliane Coelho
8 de agosto de 2014 às 9:47 pm
Também achei injusto o acolhimento tímido de público. Acho que é mesmo por causa da Fórmula 1 não ser de tanto sucesso como no passado. Até porque o filme não é só bom, como também bem acessível, com tensão constante, drama na medida certa e atores talentosos e carismáticos.
Rodrigo Cardoso
8 de agosto de 2014 às 9:50 pm
Com certeza, a bilheteria foi aquém da esperada, assim como as indicações aos Oscar (ao menos, algumas categorias técnicas e Daniel Bhürl tinha que ter ser lembrados). Mas não diria que foi fracasso, afinal, acabou rendendo mais que o dobro do orçamento. Custou 38 milhões e fez 90. Claro é bem menos do que merecia, mas acho que o estigma de fracasso não lhe cabe.
Eliane
9 de agosto de 2014 às 3:22 pm
Você tem razão, Rodrigo. Meu ponto é que tanto na Brasil (pouco menos de 200 mil espectadores) como nos Estados Unidos o filme não funcionou, infelizmente. Lá rendeu “apenas” 26 milhões na bilheteria. Considerando todos os gastos de marketing, pode ser denominado um fracasso.Pelo menos com o resultado em outros países do mundo, o filme conseguiu chegar a 90 milhões