Uma coisa é certa. Se o Oscar não for para as mãos de Leonardo DiCaprio este ano, aí a Academia deve se preocupar. Com boicote, ovada, ira nas redes sociais. Porque mesmo que muita gente ache que não é a sua melhor interpretação, este é o ano dele. Eu não estou entre as grandes fãs do ator, mas reconheço que é um dos mais empenhados em ir até as últimas consequências para conseguir uma boa atuação. E isso poderá ser visto a partir desta quinta-feira quando O Regresso chegará aos cinemas.
O filme é inspirado em eventos reais, que já haviam sido adaptados para o cinema em Fúria Selvagem de 1971, com Richard Harris, John Huston, e a direção de Richard C. Sarafian. Tem várias diferenças dessa nova versão. O Regresso começa mostrando uma expedição pelas florestas norte-americanas selvagens. Depois de ser atacado por índios, o grupo começa sua fuga pelo meio de florestas, montanhas geladas e outros ambientes perigosos. Só que o guia, o lendário explorador Hugh Glass (Leonardo DiCaprio), acaba sendo brutalmente atacado por um urso e abandonado à morte pelos companheiros de sua própria equipe de caçadores. Para sobreviver, Glass resiste ao sofrimento inimaginável, bem como à traição de John Fitzgerald (Tom Hardy, em seu melhor momento no cinema). Guiado por pura força de vontade e pela sede de vingança, Glass enfrentará um inverno cruel e uma busca incessante para sobreviver e encontrar a redenção.
Apesar de admirar o talento de Alejandro Iñarritu, não sou grande fã de seus filmes, nem mesmo de Birdman, que ganhou o Oscar de filme e de diretor no ano passado. Mas, de todos os seus trabalhos, este é o melhor na minha opinião. Ele incorporou Herzog, e submeteu seu elenco às mais diversas provações. Por exemplo, o próprio DiCaprio teve que comer fígado de bisão (argh!), aprender duas línguas indígenas, estudar com um médico sobre técnicas antigas de cura etc. Além de enfrentar o frio do Canadá e da Argentina, durante uma filmagem que durou nove meses, já que o diretor insistiu em filmar somente com luz natural, o que não dura muito em lugares tão gelados.
Mas uma coisa que me chamou a atenção no filme é a violência contida nele. Muito gente falou que Quentin Tarantino faz uma apologia à violência em Os 8 Odiados. Só que lá a forma de apresentar é sempre estilizada. Aqui, em O Regresso, a violência incomoda muito mais, pois além de ser constante, parece extremamente real.
Entretanto, aqui temos uma fotografia fenomenal de Emanuel Lubezki, que impressiona e fascina com sua paisagens de tirar o fôlego. E, é claro, a famosa cena do ataque do urso, que deveria ser mostrada em escolas de cinema, de tão perfeita que é. Minha opinião se o filme deve levar o Oscar? É muito difícil comparar filmes como Spotlight e A Grande Aposta com O Regresso. Enquanto os dois primeiros apostam muito mais em conteúdo (um roteiro inteligente, normalmente filmado em estúdio), O Regresso é destaque pela forma. Ou como um grande diretor submeteu grandes astros às situações tão absurdas para conseguir seu objetivo. Os três filmes são muito bons, mas na minha opinião aquele que deveria levar seria A Grande Aposta, apesar de que o também ótimo Spotlight deverá se consagrar como o vencedor ( se nada acontecer até o dia 28 de fevereiro)
Se DiCaprio merece o Oscar de melhor ator por sua atuação? Isso pouco importa. Ele vai levar. Eu gostei muito mais de Bryan Cranston (Trumbo), Michael Fassbender (Steve Jobs) e de Eddie Redmayne (A Garota Dinamarquesa). Mas esse ano teremos que acabar com os memes com piadinhas sobre o Oscar fugindo das mãos do ator. Não vai dar outra.