Divino Amor tem um princípio improvável. Isso porque o filme , que estreou essa semana nos cinemas, têm uma história que reúne três diferentes gêneros que parecem incompatíveis. Ele é uma história com fundo religioso, mas se passa num futuro de ficção científica. E, é claro, também têm momentos quentes, com um erotismo sempre presente (e bota quente nisso!)
A história
O filme se passa no Brasil no ano de 2027. Uma criança começa a narrar a história dizendo que os tempos mudaram e a nova festa mais popular do Brasil não é mais o carnaval, e sim a festa do Amor Supremo. Dira Paes é Joana , uma devota religiosa que usa seu ofício num cartório para tentar dificultar os divórcios. Ela é casada com Danilo (Julio Machado) e os dois frequentam uma igreja, a Divino Amor, que têm características muito especiais. Só que Joana tenta engravidar e não consegue. Enquanto espera por um sinal divino em reconhecimento aos seus esforços é confrontada com uma crise que termina por deixá-la mais perto de Deus.
A crítica
O mundo de 2027 que o diretor Gabriel Mascaro mostra é asséptico e cheio de neon. Em alguns momentos, lembra o visual dos filmes eróticos dos anos 70. As mulheres vão à praia com roupas que lembram burcas (os homens continuam com suas sungas). O DNA de todo mundo é guardado e escaneado em todos os lugares- inclusive se a pessoa é casada, solteira, ou grávida. Quem não faz parte de um casal, é desprezado. E Joana é uma defensora da continuidade do casamento, mesmo que o casal realmente não queira mais ficar junto.
A trilha é interessante e as cenas eróticas muito bem fotografadas e coreografadas. A história é diferente daquilo que você poderia esperar à primeira vista. Seu aspecto religioso pode deixar muitos incomodados. Especialmente como essa história interage com os momentos eróticos. Obviamente, é um filme para um público restrito. Mas, é preciso ressaltar, ele já foi exibido em vários festivais, inclusive Sundance e a Mostra Panorama do festival de Berlim.
O elenco
Se você me perguntar se gostei ou não, acharei difícil de responder. Como já disse, a ideia é boa, os atores também. Dira Paes é sempre extremamente competente, trazendo uma verdade para a história. Ainda há a participação ótima de gente conhecida como Tuna Dwek, Thalita Carauta e Mariana Nunes. Mas no final, fica uma sensação estranha. Que ao tentar fazer uma crítica social a um possível futuro assustador onde todos sabem da vida de todos, o diretor se mostra machista. Isso fica claro em vários momentos, como a cena da praia ou ainda uma outra (cortada) de um homem jovem com uma mulher mais velha. Esse tipo de diferença deixa um incômodo. Entretanto, vários dias depois de assistir Divino Amor ainda me pego pensando sobre ele.
Eu entrevistei Dira Paes e Gabriel Mascaro sobre o filme, expectativa, os diferentes gêneros. Veja aqui o vídeo:
Fotos de divulgação