Se você já assistiu Boyhood: Da Infância à Juventude, Birdman e meu preferido, Whiplash: Em Busca da Perfeição, você está quase pronto para assistir o Oscar. Claro, seria interessante assistir os outros principais como O Jogo da Imitação e A Teoria de Tudo também. Todos ótimos. Mas um filme que você deve assistir para acompanhar a entrega do Oscar e opinar “com propriedade” é Sniper Americano, que estreia este fim de semana nos cinemas.
Ele é disparado o maior sucesso de bilheteria entre todos os indicados. Só nos cinemas americanos rendeu mais de 300 milhões de dólares. Tem cinco indicações: filme, ator (Bradley Cooper), roteiro adaptado, montagem, mixagem de som e edição de som. Aparentemente a história verdadeira do atirador Chris Kyle, veterano da guerra do Iraque, falou de perto com o público de lá. Dirigido por Clint Eastwood com grande vitalidade, Sniper Americano acompanha a jornada de Chris desde que entrou para o grupo dos SEALS (super soldados americanos treinados para enfrentar todo o tipo de situação) até sua volta para casa com o reconhecimento de ser o atirador militar que mais vezes acertou seu alvo na história, “a lenda”.
Muita gente criticou o filme por glorificar um atirador, na verdade um assassino, que descrevia seus alvos como selvagens. Nesse ponto, eu creio que Clint fez um trabalho magistral com o personagem. Sempre fica claro que todos estes momentos são difíceis para Chris. Ele é o retrato do americano que vai para a guerra com o objetivo de defender o seu país das pessoas que explodiram as torres gêmeas. O que os governos fazem e as reais razões pelas quais promoveram estes confrontos não estão ao seu alcance. Em todos os momentos, ele age para proteger os seus ou mesmo por vingança pela morte de um amigo.
Sniper Americano não é um tipo de filme que me faz ter vontade de assistir novamente ou mesmo dizer “gostei”. As coisas não são simples assim. É admirável o trabalho de Clint. É muito boa a atuação de Bradley Cooper, que fez um regime especial e um treinamento duro para ganhar a massa muscular de Chris Kyle (mas eu teria dado seu lugar entre os indicados para Jake Gyllenhaal, por O Abutre). Quem realmente me surpreendeu foi Sienna Miller, como a esposa de Chris, Taya. Eu a teria incluído na indicadas a coadjuvante (no lugar de Keira Knightley, de O Jogo da Imitação, por exemplo). Já faz muito tempo que ela deixou de ser apenas um rostinho bonito. Mostra força, revolta, doçura e tristeza.
Algumas curiosidades: Preste atenção na cena em que Bradley segura o bebê enquanto discute com a esposa. É tão claro que é um boneco que a cena acaba perdendo a força dramática. Você vai saber qual é quando estiver assistindo. Outro momento para prestar atenção é quando, ainda menino, Chris está na igreja com seus pais e resolve levar uma bíblia. Tente ver o diretor Clint Eastwood fazendo o papel de extra entrando no local.
Eliane Munhoz