É bem provável que você já tenha ouvido falar de Som da Liberdade. Durante algum tempo, ele foi alvo de diversas teorias da conspiração, especialmente com grupos de extrema direita americanos. Isso foi negado pelo diretor Alejandro Monteverde, que disse que queria apenas contar a história de Tim Ballard, um agente de segurança interna dos Estados Unidos e sua luta contra o tráfico de crianças. O problema é que recentemente o Tim Ballard real foi alvo de acusações de assédio sexual por pelo menos sete colegas que atuaram junto com ele em suas missões de resgate. E, além disso, o sempre controverso Mel Gibson é um dos produtores. De qualquer maneira, Som da Liberdade finalmente chegou aos cinemas nessa semana, depois de ter alcançado mais de 200 milhões de dólares nas bilheterias mundiais.
O filme começa com duas linhas do tempo. Na primeira, há o rapto de crianças em Honduras, que são comercializadas para fins sexuais em diversos países. Paralelamente, o agente Tim Ballard , que investiga crimes de pedófilos nos Estados Unidos, encontra um deles que o leva a descobrir toda essa rede. Uma das crianças levada em Honduras é Miguel. Ele e sua irmã Rocio tinham a promessa de virarem artistas. É quando as histórias convergem, e Tim passa a querer desmascarar essa rede sórdida, inclusive colocando em risco o seu emprego e a sua vida.
O que achei?
Já aviso que o assunto é horrível. São crianças roubadas de seus pais e vendidas para se prostituir com uma escória de gente. Isso por si só já embrulha o estômago. O filme pelo menos nos poupa de ver cenas dessas situações terríveis, mas a sugestão do que acontece já é bem difícil de aguentar. A ideia de apresentar esse problema é boa. O problema é que a direção de Alejandro Monteverde carrega nos efeitos de novela para dar mais impacto a cada cena. Fez com que eu me sentisse manipulada em diversos momentos.
Som da Liberdade tem 2h15 de duração – a terceira parte quando Tim entra na floresta, além de obviamente ter tomado várias liberdades com a história real, é longa demais. Uma pena, porque até aquele momento o ritmo do filme era muito satisfatório. Só acho que uma história tão importante de ser conhecida como é o caso aqui, deveria ter um realizador melhor.
No elenco, as duas crianças que fazem Rocio e Miguel são sensacionais. No papel principal, Jim Caviezel não está em seu melhor momento – longe disso. Quem acaba sendo mais interessante é o personagem Vampiro, feito por Bill Camp, que recentemente esteve no bom O Estrangulador de Boston. Mas o que mais me surpreendeu foi a participação de Mira Sorvino. Vencedora do Oscar, ela tem poucas cenas, e só uma de frente – até demorei para reconhecê-la.
No final, analisando somente do ponto de vista cinematográfico (absolutamente sem comprometimentos políticos ou de ideologia), o filme deixa a desejar! Mas, é claro, que a história vai emocionar muita gente. A tragédia que mostra com certeza não vai deixar você indiferente.