O filme está aparecendo como o favorito dessa temporada de premiações. Tem indicações para os principais prêmios do Globo de Ouro, do SAG’s e do Critics Choice. Deve ter muitas também para o Oscar, que serão anunciadas no próximo dia 14. Já levou o Gotham, os Críticos de Los Angeles, de Boston e do National Society of Film Critics, entre outros. A razão é simples, o filme é muito bom. E já vai ser possível ver até antes do Globo de Ouro, já que Spotlight: Segredos Revelados estreia nesta quinta (7) nos cinemas.
O filme incomoda a partir do momento que é baseado em uma história real. Mostra um grupo de jornalistas de Boston que começa a investigar quase por acidente os possíveis casos de abuso de crianças por padres católicos na cidade. Com o tempo vão reunindo milhares de documentos capazes de provar que, durante anos, líderes religiosos ocultaram os casos, transferindo os padres de região, ao invés de puni-los.
O filme mostra pouco do caso propriamente dito, se concentrando mais no trabalho dos jornalistas, o que tem um apelo especial para todos aqueles que um dia fizeram uma faculdade de jornalismo. Já tem um lugar de destaque junto a outros clássicos do mesmo tema como Todos os Homens do Presidente, Nos Bastidores da Notícia e Rede de Intrigas. Grande parte disso se deve ao forte e eficiente roteiro de Tom McCarthy (que também dirige o filme). É importante mencionar também que ele faz algumas escolhas arriscadas na direção, que se tornam brilhantes, como por exemplo, a leitura da carta durante o percurso do táxi.
O elenco é um destaque à parte. Todos estão simplesmente ótimos. Liev Schreiber, um ator que geralmente não me agrada, tem aqui provavelmente sua melhor atuação como o editor-chefe. Um papel pequeno, mas forte. Rachel McAdams e Michael Keaton (que realmente revitalizou sua carreira) tem bons momentos. Só que quem brilhou mais para mim foi Mark Ruffalo. Sempre um nível acima dos demais no volume de voz, no nervosismo, na determinação. Depois de atuações brilhantes em Foxcatcher e The Normal Heart, ele mais uma vez se supera como o repórter Mark Rezendes.
É claro que no final você vai sair do cinema com um gosto amargo na boca, com tanta podridão e injustiça. Mas pelo menos terá a certeza de ter um visto um filme excelente e corajoso. Vale a pena.