Eu já falei aqui que vejo menos documentários do que gostaria. Com tantos lançamentos de filmes e séries, os documentários acabam ficando para trás. Há exceções, é claro, como alguns que tem a ver com a história do cinema. É o caso de As Últimas Estrelas do Cinema (HBO Max), e Lucy and Desi (Prime Vídeo). E também é o caso de Segredos de Putumayo, que está em cartaz nos cinemas. Especialmente pela oportunidade de conversar com o ator indicado ao Oscar por Traídos pelo Desejo, Stephen Rea.
Segredos do Putumayo é dirigido pelo brasileiro Aurelio Michiles. Se baseia no livro de Angus Mitchell, cham os diários de Roger Casement. Roger era o cônsul geral britânico no Rio de Janeiro. Ele foi incumbido pelo governo britânico de investigar os crimes cometidos contra os indígenas do Putumayo pela Peruvian Amazon Company, em 1910.
O que achei do documentário?
Só que o documentário, todo filmado em preto e branco, não se restringe a essa história, que já é chocante. O filme mostra a dominação dos povos indígenas locais. E isso incluía morte e tortura. Ele também mostra fatos similares na África, por onde Basement passou antes de vir ao Brasil. E sua subsequente luta pela independência da Irlanda em sua terra Natal.
Em todos os três locais, a história de dominadores e dominados deixa um gosto amargo na boca. E a narração de Stephen Rea como Roger Casement ainda mostra mais o medo, os conflitos desse homem, cuja história eu sinceramente desconhecia. Mas também acho que o título, Segredos de Putumayo, não é exatamente o que o filme entrega. Sim, o período de Basement no local é que toma mais tempo do documentário. É também o que tem mais detalhes. Entretanto, as outras histórias também são parte da história de luta desse homem.
O filme passou por diversos festivais importantes. É o caso do Hot Docs e Vancouver Intl Film Festival (Canada), Galway Film Fleadh e Foyle Film Festival (Irlanda). E ainda o Rencontres du Cinema Latino-americain (França), AFI DOCS (EUA), Festival de Cine de Lima (Peru), entre outros. Vale conhecer.
Eu conversei com Stephen Rea, que veio para o Brasil para o lançamento do filme. Veja abaixo: