Steve Jobs, que estreia esta semana nos cinemas, não é uma biografia comum. Ou seja, não conta uma historinha como sobre onde ele nasceu, cresceu, namorou, teve filhos. Não, o interessante e inovador roteiro de Aaron Sorkin (premiado no Globo de Ouro), é dividido em três partes, mostrando momentos-chave da vida deste talento fora do comum. É interessante ver que cada uma das partes foi filmada com diferentes câmeras – 16, 35mm e digital – para evidenciar o avanço da tecnologia da Apple nos 16 anos cobertos pela história.
A história se concentra em dias de lançamentos importantes para Jobs: o primeiro é o do Macintosh (1984). A seguir, acompanha o da Next (1988), após Jobs ser afastado da Apple, e termina, com o anúncio do IMac (1998). Todos estes três momentos estão cheios de situações que revelam seu lado como pai, como companheiro de trabalho, chefe e até amigo, dentro das suas possibilidades, sem esconder seus vários defeitos. Ao seu redor está a amiga e assistente, Joanna Hoffman (Kate Winslet- premiada com o Globo de Ouro no último domingo), a ex-namorada e mãe de sua filha (Katherine Waterston), o seu companheiro de trabalho dos primeiros tempos, Steve Wozniak (Seth Rogen, em seu melhor momento de carreira), o executivo da Apple, John Sculley (Jeff Daniels) e a sua própria filha Lisa, vivida por três atrizes diferentes.
Mas é claro que o ponto forte do roteiro inteligente é a atuação de Michael Fassbender. O projeto deste filme vem se arrastando há muito tempo. Primeiro com o diretor David Fincher e Christian Bale. Depois que Danny Boyle assumiu o compromisso com a direção, convidou Leonardo DiCaprio e de novo Christian Bale. Só quando Christian desistiu é que Michael Fassbender aceitou o desafio. E como! Sempre um ótimo ator, ele pode não se parecer com o verdadeiro Jobs – na verdade, ele nem tenta parecer – mas captura perfeitamente a persona desse homem obstinado e obcecado com o seu trabalho. Não é à toa que está concorrendo em todas as premiações dessa temporada. Seu único problema é estar enfrentando Leonardo DiCaprio, naquele que deverá ser o seu momento, aquele que enfim lhe proporcionará o Oscar. Por enquanto, Fassbender ganhou o prêmio dos críticos de Vancouver, Phoenix, Palm Springs e Los Angeles. Ele, Kate Winslet e o roteiro concorrem ao Critics Choice Awards no próximo domingo, 17 .
Steve Jobs pode não ser um filme fácil, para todos os gostos, com longos diálogos, tanto que foi um fracasso de bilheteria nos Estados Unidos. Mas é um presente cinematográfico.