Feito na América, que estreia essa semana nos cinemas, conta uma história real. Mas ela é tão absurda, e pouco provável, que com certeza nenhum roteirista teria a coragem de inventar. Ele se passa nos anos 80, e conta a história de Barry Seal, um piloto da TWA, que é chamado por um agente da CIA (Domhnall Gleeson) para fotografar acampamentos de guerrilheiros na América Latina com um moderno e pequeno avião. Só que logo ele também vai começar a levar armas para os guerrilheiros adversários (os mais velhos vão se lembrar dos “Contras” da Nicarágua). Como se não bastasse ele também se vê envolvido pelos grandes chefões da droga, entre eles, Pablo Escobar, para, no caminho, levar cocaína de volta para os Estados Unidos. Ou seja, não tinha como terminar bem.
Mas o filme encontrou um caminho de uma comédia de humor negro, que é extremamente eficiente para lidar com o absurdo da história. Barry Seal, feito com o charme de sempre por Tom Cruise, é também o narrador, contando a sua história para uma câmera de vídeo, e em diversos momentos transmite o mesmo espanto do público sobre como a situação foi crescendo de uma maneira tão absurda. O próprio Tom, que está ótimo como ator, demonstra o choque completo diante de cada um dos capítulos dessa história.
Falando em capítulos, o filme é dividido por eles, e pelas cidades por onde Barry passa. Toda a direção de arte é ótima, e Doug Liman, produtor e diretor que já havia trabalhado com Tom em No Limite do Amanhã prova que tem jeito não só com o astro, mas também como diretor de filmes que tem um ritmo alucinante. Sim, porque não há descanso em Feito na América, é uma loucura atrás da outra.
Um detalhe divertido (ou não) sobre o filme. Eu o assisti na semana passada, e uma determinada sequência mostra que Barry havia ganhado tanto dinheiro com suas contravenções, que tinha que guardá-lo em malas em diversos lugares, enterrado no quintal, dentro do celeiro, e até enterrado. Ele chega a abrir um armário e ser derrubado por malas que caíam. Um absurdo! Só que naquele mesmo dia, quando cheguei em casa fui surpreendida por um caso que aconteceu muito perto de nós nos telejornais, que também envolvia malas cheias de dinheiro escuso escondidas num apartamento. É… realmente não há roteirista que tenha a imaginação para criar o que acontece na realidade…