Ao ouvir no noticiário da manhã sobre a morte de David Bowie aos 69 anos, senti uma grande tristeza. Lembro-me que há pouco, ele finalmente lançou seu último disco depois de muito tempo recluso. Não tenho grande conhecimento sobre sua música, mas era palpável a felicidade dos fãs ao redor do mundo por ter mais essa oportunidade de ouvir o Camaleão, como era conhecido. Muita gente vai escrever sobre sua inegável influência e importância incontestável na história da música. De minha parte, decidi falar sobre uma parte de sua carreira que sempre admirei. Além de tudo, David Bowie era um ótimo ator.
No auge de sua carreira como cantor, em 1976, ele topou o desafio de fazer o papel principal de O Homem que Caiu na Terra, do sempre estranho mas sempre ótimo diretor Nicolas Roeg. Seu papel era o de um alien, que vem à Terra em busca de água e acaba montando uma empresa de tecnologia, que possibilitará a construção de uma nave para retornar ao seu planeta de origem. Em uma entrevista à revista Movieline em 1982, Bowie disse “eu fico feliz que fiz esse filme, mas eu não sabia direito o que estava fazendo na época. Eu só me joguei como eu era naqueles dias. Foi a primeira coisa que fiz. Eu era completamente ignorante sobre a forma de proceder (para fazer filmes), então eu usei bastante o meu instinto”.
Depois do filme alemão Apenas uma Gigolô, que marcou a última aparição de Marlene Dietrich no cinema em 1978, Bowie fez o ótimo Fome de Viver, dirigido pelo falecido Tony Scott, ao lado de Catherine Deneuve. As primeiras cenas de sexo e sangue entre Bowie e Deneuve eram chocantes e fascinantes na época. Se nunca viu o filme vale conhecer. Ryan Murphy com certeza se inspirou nessa história para fazer American Horror Story: Hotel, com Lady Gaga (premiada com o Globo de Ouro) e Matt Bomer.
Em 1983, ele teve seu melhor momento no cinema em Furyo, Em Nome da Honra, de Nagisa Oshima, como um prisioneiro inglês que é levado para um campo de prisioneiros japonês durante a Segunda Guerra Mundial . O veterano diretor japonês disse em uma entrevista que escolheu Bowie para o papel após vê-lo nos palcos na peça O Homem Elefante.
Depois vieram o interessante Absolute Beginners (1986), de Julian Temple e, é claro, Labirinto – A Magia do Tempo (1986), que, com certeza, é o mais lembrado por todos pela caracterização inesquecível de Bowie. Uma de suas músicas mais conhecidas, As the World Goes Down, também faz parte da trilha do filme. Lembra também quem é a mocinha? Isso mesmo, a vencedora do Oscar, Jennifer Connelly. A direção é do grande Jim Henson.
Com somente mais um filme como ator principal, o pouco visto Romance por Interesse, com Patricia Arquette, de 1991, Bowie se dedicou mais às participações especiais. Em Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer, como Andy Warhol em Basquiat – Traços de uma Vida e até em Zoolander, por exemplo . Em 2006, apareceu em O Grande Truque, com Hugh Jackman e Christian Bale. Sua última participação no cinema foi como ele mesmo no filme adolescente High School Band, com Vanessa Hudgens.
Pode ser que no cinema ele não tenha sido o influenciador da música, mas trabalhou com grandes diretores, fez grandes papéis e construiu uma carreira digna e interessante. Valeu, David Bowie!