Eu acredito muito em destino. Que certas pessoas cruzam nossa vida com objetivos específicos, para que sigamos… o nosso destino. De vez em quando, aparecem filmes que ressaltam esse fator. Alguns dos meus favoritos de todos os tempos abordam essa linha de história: Only You – Só Você, Encontro Marcado, A Casa do Lago, Caminhando nas Nuvens, Enquanto Você Dormia. Mas, romance à parte, chegou aos cinemas essa semana uma bela história que tem seu ponto central no tema. Sem Fôlego (o título mais parece coisa de filme de ação, mas não há nada mais longe dessa história). Apesar de um pouco previsível, é um belo filme, do mesmo diretor de Carol.
São duas histórias paralelas. Nos anos 20, uma jovem surda resolve fugir de casa para encontrar sua mãe, uma grande atriz de teatro. Só que por diversas situações, ela acaba perdida no meio de um museu, à procura de seu irmão, que trabalha no local. Ao mesmo tempo, o filme também segue a história de um garoto nos anos 70. Após perder sua mãe num acidente (uma participação especial de Michelle Williams), ele resolve ir para Nova York em busca do pai que ele nunca conheceu, mesmo tendo acabado de perder sua audição. E acaba no mesmo museu, vivendo situações similares, em busca de sua própria história. O filme é baseado em livro de Brian Selznick, também responsável pelo belo e injustiçado A Invenção de Hugo Cabret. Aqui ele inclusive também é o autor do roteiro.
O visual e a linguagem sempre são um diferencial dos filmes de Todd Haynes. Na parte dos anos 20, tudo se passa como um filme mudo, inclusive em preto e branco, para que possamos sentir tudo pelo que passa a jovem Rose, feita pela estreante que também é surda na vida real, Millicent Simmonds. A menina é ótima! O menino dos anos 70, Ben, é vivido por Oakes Fegley, o ótimo garotinho de Meu Amigo, o Dragão, um filme que infelizmente não fez o sucesso merecido quando foi lançado. Também é perfeito aqui. Após o momento em que ele perde a visão, a sua voz é praticamente a única que a audiência ouve também nessa parte do filme.
No papel da mãe de Rose, e também num segundo, que não vem ao caso dizer aqui agora para não estragar o efeito surpresa – não é tão surpreendente assim, mas vale a intenção -, está Julianne Moore. Sempre ótima, sempre perfeita. Ela já havia trabalhado com o diretor em Longe do Paraíso, pelo qual teve uma indicação ao Oscar.
Talvez sua intenção fosse conseguir mais uma indicação – para coadjuvante – com Sem Fôlego. Mas a estratégia não deu certo. A crítica americana não gostou do filme, e ele, apesar de ter tido uma indicação para a Palma de Ouro no Festival de Cannes, ficou ausente da temporada de premiações. Talvez injustiça, talvez não. Mas eu sinceramente gostei mais dele do que do premiado Carol.