Filmes com aventuras de cachorros eram uma constante na Sessão da Tarde de outros tempos. Produções como Uma incrível Jornada, Lassie, Benji, só para citar alguns, eram a diversão que fazia com que todo o mundo quisesse ter um cachorrinho nessa vida. Nos últimos tempos, não foi diferente. Depois do sucesso de Marley e Eu, vieram Quatro Vidas de um Cachorro, Sempre ao seu lado, A Caminho de Casa, Meu Amigo Enzo, entre outros. Invariavelmente, essas histórias acabam sempre me fazendo chorar. Por isso, fiquei muito curiosa para ver O Chamado da Floresta, que estreia essa semana nos cinemas.
A história
O livro de Jack London, escrito no início do século passado, no qual o filme se baseia, já teve outras adaptações famosas. Uma ainda na época do cinema mudo. Depois vieram as versões com Clark Gable (1935), e com Charlton Heston (1972). Isso sem contar as feitas para a TV, como a de John Beck, de 1976 e a de Rutger Hauer, de 1997. Ou seja, é uma história muito famosa na cultura norte-americana. Aqui nessa última versão de O Chamado da Floresta, acompanhamos a história de Buck, uma cachorro de grande coração cuja feliz vida doméstica é virada de cabeça para baixo. Isso porque ele é sequestrado de sua casa na Califórnia e levado para o exótico e selvagem rio Yukon, no Alasca, durante a corrida do ouro em 1890. Ele é incorporado a uma equipe de cães puxadores de trenós por um entregador de correspondência bonzinho (Omar Sy, com a simpatia de sempre). Mas Buck ainda terá muitas aventuras e perigos a enfrentar naquela região.
O personagem principal, ao lado do cachorro Buck, claro, é John Thornton, um homem sofrido e abalado por uma grande tragédia. John é vivido por Harrison Ford, que também é o narrador da história. Os caminhos de John e Buck vão se cruzando durante toda a primeira metade do filme, até que acabam juntos em jornadas de auto-conhecimento. Nesse momento me lembrou vários daqueles filmes de tempos jurássicos da Sessão da Tarde, rs. Mas até chegar a esse momento, Buck já terá passado por várias situações e lugares – a fotografia e os lugares mostrados são um destaque. Também há bons momentos de tensão como o da avalanche e o do gelo quebrando.
Mas têm mais…
Tudo isso é a parte positiva. Mas também há o negativo. Dan Stevens é o vilão, que parece saído de comédias de filmes mudos, exagerado e com um mega-bigode. Uma pena, porque eu adoro o ator. A coitada de Karen Gillan, que foi estrela em Jumanji, aqui têm praticamente duas cenas. E embaixo das roupas de época, está quase irreconhecível. Um desperdício. E talvez o maior problema, os efeitos especiais. Os cachorros, e principalmente suas expressões, são praticamente feitos todo o tempo por CGI.Com isso, fica aquela sensação fake, tipo O rei Leão. Há alguns momentos em que isso é pouco perceptível, especialmente quando não há humanos presentes – gosto da cena da disputa para ser o líder da matillha. Mas, em outros, parece produção de quinta.
Entretanto, é claro que a história de amizade, e sentimentos dos animais, tem o seu efeito. Sim, dei uma choradinha. Mas foi discreta, nada comparável a outros filmes de cachorro. De qualquer maneira, valeu!