Em 2022, a Maison Veuve Clicquot completou 250 anos. A casa desempenhou um importante papel no estabelecimento do champanhe como bebida escolhida pela nobreza e pela rica burguesia europeia. Ela foi fundada em 1172 por Philippe Clicquot-Muiron, mas foi sua nora, Nicole-Barbe, que transformou a história em um tempo que era impensável ter uma mulher gerenciando uma vinícola na tradicional região de Champagne. Essa história é o tema do filme A Viúva Clicquot – A Mulher que Formou o Império, que estreia nessa quinta nos cinemas. É um belo filme, que combina a jornada pessoal, como também a profissional de Nicole-Barbe. Quando o filme termina, você vai ficar com vontade de ver a história continuar.
A Viúva Clicquot já começa com a preparação de Nicole-Barbe para o funeral de seu marido François. Seu sogro Philippe quer logo vender a vinícola viúva de 27 anos que depois da morte prematura do marido – desrespeita as convenções legais e assume os negócios de vinho que mantinham juntos. Sem apoio, ela passa a conduzir a empresa e a tomar decisões políticas e financeiras que desafiam os críticos da época e revolucionam a indústria de Champagne ao se tornar uma das primeiras empresárias do ramo no mundo.
O que achei?
O roteiro se baseia em um livro de sucesso, The Widow Clicquot: The Story of a Champagne Empire and the Woman Who Ruled It, de Tilar J. Mazzeo. É admirável ver essas histórias de mulheres fortes que lutaram contra paradigmas e preconceitos de suas épocas. A história aqui do filme se concentra em dois tempos, que se alternam ao longo do roteiro. Ele mostra momentos do casamento de Nicole com François (Tom Sturridge, da série Sandman) no passado. Acompanha especialmente como ele se passou de intenso a depressivo, e como ela reagiu a ver seu amor se acabar. A outro linha de tempo segue a luta de Nicole para seguir com o sonho de sua vinícola, mesmo contra tudo e quase todos. Ela tem poucos ao seu lado, e o mais interessante é o mercador Louis Bohne (Sam Riley, de Orgulho, Preconceito e Zumbis). A relação dos dois é sensacional.
O filme passa por momentos românticos, alguns bem sensuais. Tudo com um fotografia que alterna o escuro e o colorido da vinícola. O roteiro se atém mais na jornada pessoal de Nicole do que na sua sua jornada como empreendedora, apesar disso estar presente em seu crescimento. É nesse momento que é preciso ressaltar a atuação contida e diferenciada de Haley Bennett, que também é produtora ao lado do marido, o diretor Joe Wright.
O filme termina com um dos melhores momentos da atriz e do filme. Entretanto, dá vontade de saber mais sobre essa mulher tão à frente de seu tempo. Uma história tão rica como a da Viúva Clicquot deveria estar num formato mais longo como o de uma minissérie. Entretanto, o filme é bonito, e vale conhecer essa história.