Dan Gilroy, o diretor de Velvet Buzzsaw, que estreou hoje na Netflix, é um grande diretor de atores. Em seu primeiro filme, o brilhante O Abutre, ele mostra a melhor interpretação da carreira de Jake Gyllenhaal. No segundo, Roman J. Israel, Esq., ele mostra Denzel Washington como nunca vimos antes (ele foi indicado ao Oscar). Agora, em Velvet Buzzsaw, ele novamente se junta a Jake e a Rene Russo, seus parceiros em O Abutre. E ainda conseguiu para o elenco gente como Toni Colette, John Malkovich, a inglesa Zawe Ashton (de Animais Noturnos), Billy Magnussen, Natalia Dyer (Stranger Things), entre outros. E todos estão excelentes. São a maior razão para ver o filme.
A História
Assim como em O Abutre com o mundo do jornalismo de TV , aqui Gilroy tem uma visão cortante do mundo das artes. Com suas galerias chiques, pessoas afetadíssimas, e todo mundo querendo tirar vantagem, ele faz um mix de sátira, suspense,além de um pouco de terror no final. A história mostra como os artistas de elite e mega colecionadores do mundo da arte contemporânea de Los Angeles vivem um vida sem prazer real. Só que quando uma ambiciosa assistente de uma galeria descobre quadros muito diferentes na casa de um vizinho que faleceu misteriosamente, todos acabarão pagando um preço alto. Afinal, uma força sobrenatural vai exercer a justiça moral contra aqueles que colocam o lucro acima do talento.
Aviso desde já que o trailer é mais assustador que o filme. As mortes começam somente depois da primeira hora. Mas também aí, não param mais. Lembra até um pouco o clima de Premonição, de 2000, um filme que eu adoro. Repare especialmente na morte que acontece antes da exposição abrir. Antes disso, ele quer mesmo fazer uma crítica a essas pessoas tão insípidas. O diretor inclusive diz que se inspirou em O Jogador, de Robert Altman, que fazia esse tipo de crítica ao mundo do cinema. Assim, em Velvet Buzzsaw, nenhum personagem consegue a simpatia do público (talvez um pouco o de Jake, já no final). Então é bom estar preparado.
A Opinião
O filme não é tão bom quanto O Abutre, é claro. Mas, apesar de não assustar, eu gostei bastante do clima, da sátira, da fotografia e, é claro, dos atores. Ao contrário de seus dois filmes anteriores, o diretor (e também roteirista) não concentra a ação em um personagem principal. Aqui todos tem uma história, todos têm o seu momento para brilhar. E o fazem com louvor.
Sim, o filme têm sangue e violência. Também tem um ou outro momento de grande suspense. Mas definitivamente não é o filme de terror que eu esperava. Se fiquei decepcionada? Não, Velvet Buzzsaw me manteve interessada todo o tempo, com sua história (mesmo que ela me lembre algum outro filme do qual não consigo recordar ), seu clima. Vale conhecer!
PS. Bill Paxton, assim como Jake e Rene, estava no elenco de O Abutre. O diretor o homenageou – Bill faleceu em 2017 – com a presença de seu filho, James Paxton, que é o barman. Repare nele!