Sou fã de George Clooney como diretor (bem, na verdade, sou fã de qualquer jeito). Boa Noite, Boa Sorte está com certeza entre os 100 melhores filmes que já vi na vida – e já vi milhares. Essa semana chega aos cinemas mais uma de suas aventuras por trás das câmeras (primeiro filme que ele dirige, mas não atua): Suburbicon: Bem-Vindos ao Paraíso, que já entrou em minha pré-lista dos melhores do ano. Ou seja, vale a pena ver. Mas não é um filme fácil, já aviso.
Não que seja complicado, ou difícil de seguir a história, mas trata sem medo de temas difíceis como o preconceito, a ganância, e a violência. Diz a lenda que George teria mostrado o filme antes da estreia para o produtor e roteirista Norman Lear, que ao final, teria dito “esse é o filme mais cheio de raiva que já vi em minha vida.” Concordo! Tendo isso em mente, fica fácil entender porque ele foi um grande fracasso de bilheteria nos Estados Unidos.
O filme começa mostrando a comunidade de Suburbicon, uma daquelas vizinhanças aparentemente perfeitas que a gente já viu inúmeras vezes em filmes americanos. E como sempre, a perfeição é só aparente, já que por “debaixo dos panos”, a podridão corre solta. Logo na primeira cena, que deixa claro que o filme se passa nos anos 60, o público descobre, juntamente com o carteiro local, que uma família negra acabou de se mudar para uma casa no meio da comunidade totalmente branca. E aos poucos vamos testemunhando como a intolerância e a raiva vão crescendo contra eles. Só que esse é basicamente o pano de fundo para o roteiro. O foco da história – escrita pelos irmãos Joel e Ethan Coen – é uma família que mora em frente. Matt Damon e Julianne Moore formam um casal com um filho de cerca de 10 anos, e a irmã dela gêmea (também feita por Julianne) está passando uma temporada com eles. Só que numa noite, a casa é invadida e um assassinato acontece. Só que assim como na visão geral de Suburbicon, o que aconteceu realmente não é o que aparenta de início.
As reviravoltas explosivas brincam com os conceitos iniciais do público. A crítica social e de comportamento está lá, como é esperado de um filme de George Clooney. Há várias referências a Fargo, aos filmes noir, e a Alfred Hitchcock – Um Corpo que Cai, Psicose, e Suspeita principalmente. O elenco está obviamente ótimo. Julianne é sempre incrível, Matt Damon faz o de sempre, Oscar Isaac, como o detetive, está perfeito. Também destaco Karimah Westbrook, como Mrs. Meyers, com sua classe e altivez ao passar por situações completamente absurdas. Mas, no final, para mim, o ponto alto do elenco é o garoto Noah Jupe. Ele já tinha me impressionado em Extraordinário (é o amigo Jack Will), e aqui novamente ele é superlativo. Repare especialmente nele na cena da invasão da casa – é um talento para acompanhar.