O que pode ser considerado certo e o que pode ser considerado errado na educação dos filhos? Essa é a pergunta que fica no ar durante as duas horas (e com certeza, depois também) de Capitão Fantástico. Não sou grande fã de “road movies” e acho que muitas dessas histórias sobre a relação de pais e filhos acabam dando lições de moral e “receitas” chatinhas sobre como agir no final. Mas resolvi dar uma chance a Capitão Fantástico, que não tem nada a ver com super-heróis como os conhecemos, e que estreia nos cinemas esta semana. E ele é bem diferente de tudo isso. Para melhor, muito melhor!
Logo no começo já somos apresentados à essa família incomum que estrela o filme, de uma maneira inusitada. Acompanhamos uma iniciação, um ritual de passagem para a vida adulta no meio da floresta, onde Ben Cash (Viggo Mortensen) vive com seus seis filhos. Eles plantam o que comem, se exercitam em corridas pesadas todos os dias, leem grandes clássicos da literatura, assim como tudo sobre política, sociologia, filosofia, direitos humanos, etc., enquanto conversam em frente a uma fogueira sobre tudo, sem “mimimis”.
Só que um dia chega a notícia que a mãe das crianças, que estava em tratamento na cidade de seus pais (Frank Langella e Ann Dowd), faleceu. Começa então a jornada dessa família tão singular no meio da “civilização”. Tem momentos divertidos, mas também irá significar uma mudança completa nas suas relações entre eles mesmos e com os outros.
Você vai rir, chorar, se emocionar e a todo o momento se questionar com o filme. Desnecessário dizer que Viggo Mortensen está excepcional. Ele é candidato ao Globo de Ouro e ao SAG’s como melhor ator. Mas é preciso também destacar o trabalho das crianças. Mereciam um prêmio especial só para elas. Não é à toa que Capitão Fantástico concorre ao SAG’s de Melhor Elenco. Totalmente merecedor!
Eles são responsáveis por grandes momentos. Preste atenção na cena da lanchonete, quando começam a perguntar sobre vários itens do cardápio. “O que é cola?” Resposta do pai: “Água envenenada”. Ou ainda “as pessoas estão doentes? Por que são tão gordos?” . Mas o momento que mais me emocionou foi a lista de conselhos do pai para o filho que vai embora, que começa com ” quando você for fazer sexo com uma mulher, seja gentil e a ouça…” e por aí vai ! Que beleza de roteiro!
O filme não toma partidos. Todos estão certos e todos estão errados. E afinal quem é perfeito? Essa pergunta vai ficar na sua cabeça por muito tempo. E sim, você vai querer ver novamente. Só por isso, Capitão Fantástico já valeria esquecer o peru e os presentes de última hora. Nessa época de Natal, um filme tão luminoso como esse vale o seu ingresso.