Para os desavisados, é bom deixar claro que este Les Miserables, que está estreando nos cinemas nessa quinta, não tem nada a ver com o musical de Hugh Jackman. Ou mesmo com o drama de Liam Neeson. Este até faz referência à história de Victor Hugo, mas é algo totalmente diferente, que reflete muito os tempos que vivemos. O novo Les Miserables ganhou o prêmio do Júri no festival de Cannes. É também o representante da França no Oscar de filme estrangeiro. É uma história forte e incômoda.
Stéphane (Damien Bonnard) é um policial que acaba de se mudar para Montfermeil, um subúrbio violento de Paris, com o objetivo de ficar perto do filho. Ele se junta então ao esquadrão anti-crime local. Colocado no mesmo time de Chris (Alexis Manenti) e Gwada (Djibril Zonga), dois homens de métodos pouco convencionais, ele logo se vê envolvido na tensão entre as diferentes gangues do local. As coisas já são difíceis, mas o problema maior começa quando um filhote de leão (que é a coisa mais fofa do mundo!) é roubado do circo, que é liderado por um grupo de ciganos pouco amigáveis.
A crítica
O início é um pouco lento, o que me fez pensar que o filme seria difícil de aguentar. Mas tudo muda depois que os policiais começam a investigar o que aconteceu com o filhote. Além dos policiais, e um garotinho que vive se metendo em encrenca, há um outro que tem um drone. Todos eles vão se envolver na história que vai demostrar que os ânimos estão prontos a explodir e poucos parecem preocupados com isso.
Essa história foi feita inicialmente como um curta, com os mesmos atores principais que agora estão no longa-metragem. Não conhecia nenhum deles, e estão todos ótimos. O diretor Ladj Li, nascido no Mali, soube construir uma história pesada, mas que reflete totalmente a sociedade em que vivemos, onde a verdade do outro inexiste se for diferente da sua. E também como todo o mundo está sempre a um passo de explodir para comprovar isso. Tristes tempos, muito bem refletidos na tela de Les Miserables.