O clássico A Fantástica Fábrica de Chocolate, de 1971, é um de meus filmes preferidos da vida. Mas tentei manter a cabeça aberta quando a versão estrelada por Johnny Depp aconteceu em 2005. Só que era dark demais, e Depp era muito esquisito para o meu gosto no filme. Então estava com um certo pé atrás quando anunciaram que um prelúdio do filme, a história do jovem Willie Wonka iria acontecer. Ainda mais com Timothée Chalamet no papel principal. Nada contra ele, que acho até que é um bom ator. Só que ele não me parecia a pessoa mais indicada para viver um personagem tão sensacional, e cheio de nuances, com Willy Wonka. Mas, estava errada. Wonka, que estreia nessa quinta nos cinemas, é um delícia. E cheio de homenagens para o filme clássico.
A história começa já com um delicioso número musical (sim, o filme também é um musical) mostrando a chegada de Willy Wonka à cidade disposto a montar sua loja de chocolates no local. Só que antes de se tornar a mente brilhante por trás da maior fábrica de chocolate do mundo, Willy precisou enfrentar vários obstáculos. Cheio de ideias e determinado a mudar o mundo, o jovem Wonka embarca em uma aventura para espalhar alegria através de seu delicioso chocolate. Para isso, ele vai contar com a ajuda de uma garotinha órfã, e outros amigos improváveis, inclusive um Oompa Loompa (interpretado de maneira bem divertida por Hugh Grant). Mas há vários vilões no caminho deles.
O que achei de Wonka?
À primeira vista, o filme têm várias influências. Além do clássico A Fantástica Fábrica de Chocolate, há um clima de histórias de Dickens, e um pouco de Paddington. É bom lembrar que o diretor de Wonka, Paul King, também dirigiu os dois filmes do ursinho. Levando isso em conta, já aviso que Wonka é um espetáculo visual, cheio de cores. Tem uma direção de arte e fotografia sensacionais. E as músicas – inclusive a clássica Pure Imagination – são muito boas e cheias de energia. Já fica aqui o aviso, se você é uma daquelas pessoas que tem preconceito com musicais, é melhor nem pensar em ver Wonka. Afinal, elas acontecem toda hora – com danças também, tá? Rsrs!
O filme tem várias participações especiais no elenco, que dão ainda mais charme à produção. Olivia Colman parece ter se divertido horrores fazendo uma das vilãs. Os três produtores de chocolate também são ótimos, assim como a garotinha Calah Lane como Noodles. Há ainda a presença simpática de Sally Hawkins, como a mãe de Willy, e Jim Carter (de Downton Abbey), como Abacus. Me diverti muito com Keegan Michael-Key como o chefe de polícia, com Rowan Atkinson, como o padre (a cena com a girafa é ótima), e claro, com Hugh Grant. Ele pode ter odiado fazer o filme (como disse em entrevistas), mas o resultado saiu ótimo!
E claro, precisamos falar de Timothée Chalamet. Ele foi finalista para o papel com Tom Holland, e acabou levando. Eu acho Tom muito melhor, mas não vi os testes de ambos. De qualquer maneira, fiquei surpresa de ver que ele conseguiu fazer um personagem tão pra cima, e até cantando direitinho. Sim, ele está uma simpatia no filme. É claro que o filme não tenta explicar a razão pela qual o Wonka do filme de 1971 fez com que as crianças passassem por todas aquelas provações. Mas este Wonka de 2023 é tão simpático e bonito, que isso não faz grande diferença.