Muita gente fala sobre a maldição do Oscar. Sobre como um prêmio num determinado momento pode não fazer muito bem para sua carreira. Ao contrário, depois dele, muitas atrizes nunca mais conseguem alcançar o nível de reconhecimento que tinham antes do Oscar. Os motivos variam. Algumas simplesmente tiram um tempo para descansar e quando voltam, seu momento já havia “passado”. Outras já estavam chegando na “idade difícil” para as atrizes (depois dos 45) e não conseguem bons papéis. E algumas simplesmente fazem as escolhas erradas…
Vários são os casos: Halle Berry, Susan Hayward, Marisa Tomei, Faye Dunaway, Helen Hunt…Lembre aqui alguns casos de outras excelentes atrizes que de repente sumiram dos cinemas em grandes papéis…
Mercedes Ruehl – Melhor atriz coadjuvante em por O Pescador de Ilusões (1991)
Em O Pescador de Ilusões, Mercedes Ruehl parecia tão poderosa como a namorada de Jeff Bridges, que era impossível tirar os olhos dela em cena. Mas ela já tinha 43 anos, ou seja, começava a entrar naquela idade em que fica mais difícil para as atrizes conseguir um bom papel. Além disso, seu tipo moreno, com ares latinos, também reduzia suas opções. Ela ainda brilhou num belo e pequeno filme chamado Proibido Amar, com Richard Dreyfuss no mesmo papel que lhe deu o Tony de melhor atriz. Mas quando ficou entre os “mortos e feridos” depois do fracasso monumental de O Último Grande Herói (pena, eu até que acho o filme simpático!), ela nunca mais se recuperou. Sempre boa atriz, ainda conseguiu um papel de coadjuvante interessante em Gia- Fama e Destruição, com Angelina Jolie. Desde então fez muita TV, com participações em Law & Order, Luck e Entourage, além de teatro. Mas no cinema, nunca mais fez um trabalho marcante…
Renée Zellwegger – Melhor atriz coadjuvante por Cold Mountain (2003)
Ela estava sempre nos eventos badalados, tinha uma carreira admirável, com duas indicações para o Oscar (Chicago e O Diário de Bridget Jones), além de vários outros prêmios. Mas depois que finalmente ganhou seu Oscar por Cold Mountain com a mulher rude, que ajuda o personagem de Nicole Kidman, sua carreira nunca mais chegou ao mesmo nível. E olhe que ela tentou : voltou ao seu personagem de maior sucesso com a sequencia de O Diário de Bridget Jones, se uniu a Ron Howard e Russell Crowe em A Luta pela Esperança, brilhou no lindo Miss Potter, com Ewan McGregor, e filmou com George Clooney, que dirigiu e atuou em O Amor não tem Regras. Mas o tempo foi passando, e depois do terror Caso 39, onde conheceu Bradley Cooper com quem namorou por um tempo, ela só fez mais um filme e está ausente das telas desde 2010. Recentemente, apareceu em toda a imprensa pois seu rosto está muito diferente devido a uma plástica. Agora, Renée acabou de filmar o drama de suspense The Whole Truth, que deve chegar aos cinemas ainda este ano. Vamos ver o que dá…
Mira Sorvino- Melhor Atriz coadjuvante por Poderosa Afrodite (1995)
Ela era de família conhecida. Seu pai, Paul Sorvino, tinha uma longa carreira, tendo inclusive filmado com Scorsese. Mira já tinha alguns anos de estrada mas nunca havia feito algo memorável antes de filmar com Woody Allen Poderosa Afrodite. Lembro-me bem do momento em que ela ganhou o prêmio. Visivelmente emocionada e surpresa, fez um discurso onde homenageou o pai que estava na plateia e parecia que ia explodir de orgulho a qualquer momento. Foi bonito. Depois, no ano seguinte, ela fez um filme para a TV, onde personificava Marilyn Monroe em sua fase platinada, A Verdadeira História de Marilyn Monroe. Chegou a concorrer ao Globo de Ouro e ao Emmy. Só que seus três filmes subsequentes para o cinema não deram certo: Romy e Michele, o terror Mutação e a ação Assassinos Substitutos (filme que, aliás, gosto bastante). Depois, ainda teve um razoável sucesso com o romance Amor à Primeira Vista, com Val Kilmer. Só que logo os papéis começaram a ficar menores no cinema e ela foi para a TV, onde participou de séries como Psych e Falling Skies. Recentemente, mostramos aqui no Blog que ela vai entrar em Stalker.
Kim Basinger – Melhor Atriz coadjuvante por Los Angeles – Cidade Proibida (1997)
Lembro-me bem do início da carreira de Kim Basinger, muito antes dela ser vencedora do Oscar por Los Angeles – Cidade Proibida. Um de seus primeiros trabalhos como atriz foi em As Panteras, depois ela fez uma participação em O Homem de Seis Milhões de Dólares e ainda esteve em uma de minhas minisséries preferidas, A Um Passo da Eternidade, com Natalie Wood. Ela era Lorene, um papel que havia dado um Oscar de coadjuvante para Donna Reed, quando ela o fez no cinema. Mas Kim acabou se tornando uma estrela mesmo depois que fez uma Bond Girl em Nunca Mais Outra Vez, último filme de Sean Connery como James Bond. Logo vieram vários sucessos, culminando com Batman, em 1989. Depois de A Grande Fuga, onde ela e Alec Baldwin se apaixonaram, ela se afastou do cinema para cuidar de sua filha recém-nascida, Ireland, hoje uma modelo de sucesso. Só voltou para fazer Los Angeles – Cidade Proibida, e com ele ganhou o Oscar, o Globo de Ouro e o SAG’s. Mas depois, já com 44 anos, sua carreira também não evoluiu. 8 Mile – A Rua das Ilusões, Celular – Um Grito de Socorro e Sentinela foram alguns que foram bem sucedidos mas não por causa dela especificamente. Recentemente foi vista ainda muito linda em Ajuste de Contas,com Sylvester Stallone e Robert DeNiro. Está filmando agora The Nice Guys, com Matt Bomer, Ryan Gosling e seu companheiro de Los Angeles: Cidade Proibida, Russell Crowe.
Luise Rainer – Melhor Atriz por Zigfield: O Criador de Estrelas e Terra dos Deuses (1936 e 1937)
A veterana Luise Rainer, que faleceu ano passado com mais de 100 ano,s foi a primeira atriz a sofrer a “maldição do Oscar”.Depois de ganhar dois prêmios consecutivos – em 1936 por Zigfield: O Criador de Estrelas e em 1937 por Terra dos Deuses – fez mais cinco filmes e em seguida praticamente desistiu da carreira no cinema. Ela tem uma tese sobre a maldição: “O Oscar não é uma maldição. A maldição é que uma vez que você ganha um Oscar, eles acham que você pode fazer qualquer coisa. Eles lhe dão roteiros que são difíceis de fazer. Eu adoraria ter feito Madame Curie (Greer Garson faz o papel) ou outras como ela. Mas não consegui.Naquela época, eu não podia dizer nada sobre os filmes que fazia. Então eu decidi que não queria fazê-los. Porque no final, era o meu nome que estava lá. Quando um filme fracassava, eu fracassava junto. Então eu , como todos dizem, resolvi abandonar tudo.”
“Hoje em dia (a entrevista foi feita nos anos 90), sou muito feliz aqui na Suíça com meu marido. Mas o que eu quero mais do que tudo na vida, já que hoje sei o que isso significa, é um terceiro Oscar!”