O fato das atrizes irem vestidas de preto à festa do Globo de Ouro, que acontecerá em 7 de janeiro, já deu o que falar. Se você anda não sabe, as atrizes, inclusive as bem importantes como Meryl Streep, resolveram vestir preto na festa como um protesto, que tem como objetivo chamar a atenção para as denúncias de assédio sexual que vem pipocando nos últimos tempos em Hollywood. Teve até uma briga oficial, quando a atriz Rose McGowan criticou a ideia, chamando-a de hipócrita, e a direcionando especialmente a Meryl Streep, dizendo que a atriz sempre soube do que acontecia nos bastidores das produções que envolviam Harvey Weinstein. Veja no fim deste texto a resposta de Meryl.
Mas agora, aparentemente não serão somente as atrizes que farão esse protesto. Segundo a stylist Ilaria Urbinatti, que veste gente importante como Tom Hiddleston, Armie Hammer e Dwayne Johnson, em uma declaração hoje (22) em seu Instagram, os atores também estão comprometidos com o protesto. “Porque todos continuam a me perguntas…SIM, os homens irão se juntar em solidariedade com as mulheres no movimento todos-de-preto para protestar contra a diferença de gênero nos Globos de Ouro deste ano. Pelo menos, TODOS OS MEUS CARAS estarão. É fácil perceber que este não será o momento para ser diferente lá…só dizendo…”
Dwayne Johnson fez um comentário no post, não só confirmando sua participação, como também a sua presença na festa. “Sim, nós iremos.”. É, imagino que vai ficar complicado para qualquer um que preferir ir com outra cor. Já imaginou o trabalho dos stylists?
Abaixo veja a resposta de Meryl Streep a Rose McGowan:
“Me machucou ter sido atacada por Rose McGowan nas manchetes da mídia durante o fim de semana, mas quero deixar claro que nunca soube dos crimes de Weinstein, nem nos anos 1990, quando ela foi atacada, ou nas décadas seguintes quando ele atacou outras pessoas. Eu não fiquei deliberadamente em silêncio. Eu não sabia. Eu não apoio o estupro. Eu não sabia. Eu não aprovo ver jovens mulheres sendo assediadas. Eu não sabia o que que estava acontecendo. Eu não sei onde Harvey mora e ele nunca esteve em minha casa. Nunca fui convidada para seu quarto de hotel. Estive em seu escritório apenas uma vez, numa reunião com Wes Craven para falar do filme Música do Coração em 1998. Ele distribuiu filmes que fiz com outras pessoas.
Harvey Weinstein não é um cineasta, as vezes é produtor, normalmente vende filmes feitos por outras pessoas – algumas boas, outras não. Mas nem todo ator, atriz e diretor que trabalhou num filme distribuído por HW sabia sobre como ele abusava de mulheres ou que estuprou Rose na década de 1990, além de outras mulheres antes e depois, até que nos contaram. Não não sabíamos como ele obrigava essas mulheres a ficarem em silêncio. HW precisava de nossa ignorância, pois nossa associação com ele trazia credibilidade, algo usado para atrair jovens mulheres em circunstâncias em que ele podia machucá-las.
Ele precisava de mim muito mais do que eu precisava dele, então fez questão que eu não soubesse de nada. Aparentemente, ele contratou pessoas para impedir que tais informações fossem públicas. Rose e outras vítimas desses homens poderosos, cheios de dinheiro e implacáveis, enfrentaram um adversário que considera a vitória, a qualquer custo, como o único resultado aceitável. Por isso, um fundo para a defesa legal das vítimas está sendo criado, com a ajuda de centenas de pessoas de bom coração, para derrubar estes malditos e ajudar as vítimas a combater este flagelo.
Rose assumiu e falou algo não verdadeiro sobre mim. Queria que ela soubesse a verdade. Através de amigos em comum, cedi meu telefone no momento em que li tais notícias. Esperei o dia todo, esperando ter uma forma de expressar meu respeito por ela e por outras mulheres corajosas que desmascararam esses monstros entre nós. Ninguém pode recuperar aquilo que Bill O’Reilly, Roger Ailes e HW tiraram das mulheres que sofreram ataques nos seus corpos e na sua forma de ganhar a vida … Eu esperava que ela me ouvisse. Ela não o fez, mas espero que leia isto.
Sinto muito que ela me veja como adversária, pois nós duas, junto com todas as mulheres em nosso trabalho, estamos lutando diante do mesmo inimigo: um status quo que deseja retornar aos tempos antigos, quando mulheres eram usadas, abusadas e impedidas de tomar decisões em grandes níveis da indústria. É aí que isso converge. Esses lugares devem ser desinfetados e integrados, antes que qualquer coisa comece realmente a mudar.”