Guillermo Del Toro é um dos diretores que mais admiro no cinema. Fiquei muito emocionada quando tive a oportunidade de entrevistá-lo numa mesa redonda durante a Comic Con de Nova York do ano passado, quando ele lançou o desenho Caçadores de Trolls da Netflix. Entre seus filmes, adoro O Labirinto do Fauno, A Espinha do Diabo e, é claro, Hellboy, além da produção de The Strain, série excelente que infelizmente o canal FX “esqueceu” de exibir a última temporada. Mas mesmo com toda uma carreira e um reconhecimento de público e crítica, ele parecia realmente emocionado ao receber o Leão de Ouro no Festival de Veneza por seu filme The Shape of Water.
Ele estava com os olhos cheios d’água quando disse ” eu tenho 52 anos, peso 150 quilos, e fiz 10 filmes. Há um momento na vida de todo o contador de histórias, não importa qual seja sua idade, que você arrisca tudo e vai fazer algo diferente. Para cada cineasta latino-americano que sonha em fazer algo no universo fantástico, isso pode ser feito.”
Shape of Water demorou 10 anos para ser feito. Mas desde que foi exibido no festival, recebeu muito elogios e várias pessoas terminaram o filme chorando. O filme é uma fantasia romântica, com toques de suspense. Se passa durante a época da guerra fria nos anos 60, com um laboratório de segurança máxima onde se esconde uma experiência super-secreta, um homem -peixe (Doug Jones), que é tratado como Deus por comunidades na Amazônia. A criatura fascina Elisa (Sally Hawkins), a mulher solitária e muda que trabalha na limpeza do local, e logo começa um relacionamento entre os dois, inicialmente baseado no gosto comum de ovos cozidos, mas que acaba evoluindo para algo muito mais profundo.
No elenco, ainda estão Octavia Spencer, Richard Jenkins e Michael Shannon. O filme está programado para estrear nos Estados Unidos em dezembro. Isso quer dizer um meio caminho para entrar na Temporada de Premiações. Vale lembrar que os compatriotas mexicanos, Alfonso Cuaron e Alejandro G Inarritu, também triunfaram em Veneza com Gravidade e Birdman, respectivamente, antes de conseguir a glória no Oscar. Quem sabe esse ano não será a vez de Del Toro?