Aconteceu tanta coisa na festa do Globo de Ouro ontem (8), que entrou madrugada adentro, que é sempre possível deixar algo importante de lado. Mas vamos lá, foi a noite da consagração de La la Land: Cantando Estações. O musical vinha perdendo um pouco de espaço depois que os críticos americanos pareceram ficar totalmente divididos entre Moonlight e Manchester à Beira-Mar, dois dramas fortes, bem diferentes do romance e da beleza colorida de La la Land. O filme bateu um recorde do Globo de Ouro, vencendo em todas as sete categorias nas quais foi indicado, inclusive filme, ator e atriz. É certo que já faz muito tempo que o Globo de Ouro deixou de ser “um termômetro do Oscar”, mas esse reconhecimento lhe dá uma força a mais no caminho de ser o melhor filme do ano, segundo Hollywood. Na parte de TV, os prêmios se dividiram. Foram três para The Night Manager – inclusive melhor ator para Tom Hiddleston – , dois para The Crown, da Netflix (que tirou a estatueta de Game of Thrones), dois para Atlanta, e dois para American Crime Story.
O evento estava cheio de gente bonita. Jeffrey Dean Morgan e Pryianka Chopra, Chris Hemsworth e Gal Gadot apresentaram prêmios juntos, enquanto os casais da vida real aproveitaram a noite para se divertir: Ryan Reynolds e Blake Lively, Justin Timberlake e Jessica Biel, Matthew Rhys e Keri Russell, Nicole Kidman e Keith Urban, e mais…
A cerimônia começou com um estupendo número musical de abertura, capitaneado pelo ótimo Jimmy Fallon ao som das músicas de La la Land, com um monte de gente de cinema, de TV e até stormtroopers (o melhor foi o passo característico de John Travolta). Ele não teve grandes chances durante o show, mas só essa introdução já valeu para colocá-lo na história. Viva a diferença daquela coisa chata e antipática de Ricky Gervais no ano passado.
https://www.youtube.com/watch?v=XaldSt0lc8o
O In Memoriam, homenagem aos que já morreram seria um fator complicador pela quantidade de pessoas ligadas à indústria que faleceram em 2016. Por isso, creio que foi uma opção inteligente fazer a homenagem somente para Carrie Fisher e Debbie Reynolds com um belo e tocante vídeo. Ninguém reclamou. Já o momento mais marcante foi a homenagem de Viola Davis ao apresentar à Meryl Streep o seu prêmio Cecil B. De Mille por sua carreira inigualável. Falou como as duas se conheceram e também nos apresentou um pouco da personalidade da atriz. Foi bonito. Quando Meryl subiu ao palco, aplaudida de pé, disse que estava sem voz, mas teve um brilhante e belo discurso falando sobre a liberdade, a defesa da imprensa livre e o medo do que virá por aí com uma administração de Donald Trump sem mencioná-lo em momento algum. Não sou uma fã incondicional da diva, mas ela foi o máximo.
Aliás, o tom político estava presente na maioria dos discursos, afinal Hollywood como um todo é anti-Trump.Foi o caso de Hugh Laurie e Sarah Paulson. Mas Tom Hiddleston se deu mal ao falar sobre como a sua série The Night Manager ajudava os médicos sem fronteiras no Sudão. Ele é lindo, mas pegou mal, ficou meio forçado. Também foi tempo de discursos emocionantes falando sobre idade, oportunidades, agradecimentos. Foi o caso de Tracee Ellis Ross, em uma vitória surpresa por Black-ish, e a declaração de amor de Ryan Gosling a Eva Mendes, além de dedicar o prêmio ao irmão dela, falecido no ano passado. A maioria das mulheres ficou irremediavelmente apaixonada.
Os momentos engraçados, além da abertura, vieram com a apresentação de Goldie Hawn e Amy Schumer (saudades de você, Goldie!!) com a ocasional participação de Kurt Russell, a presença de Kristen Wiig e Steve Carell falando sobre suas tristes experiências com desenhos animados, Matt Damon tirando sarro de ter ganhado o prêmio de ator de comédia/musical com Perdido em Marte (rs) e, é claro, o beijo do Homem Aranha (Andrew Garfield) e Deadpool (Ryan Reynolds) para “comemorar” a vitória de Ryan Gosling como melhor ator. A champanhe sempre faz o Globo de Ouro ficar muito divertido.
Outros momentos marcantes começaram com a aparição de Brad Pitt, muito bem recebido por todos após sua separação de Angelina Jolie (parece que até mesmo ele ficou surpreso com os aplausos). Outra que também parecia não acreditar foi Isabelle Huppert quando foi anunciada como a melhor atriz de drama por Elle. Até agarrou o Leonardo DiCaprio. Hugh Laurie achou que era uma pegadinha, e Aaron Taylor-Johnson só não ficou mais chocado do que eu por ter vencido na categoria de ator coadjuvante. Mas o momento mais “gracinha” foi o ex Andrew Garfield ficando sozinho de pé para aplaudir Emma Stone quando ela subiu para receber seu prêmio. Tão fofos esses dois!
No final, o Globo de Ouro foi divertido e fácil de ver, exatamente como se espera. Veja abaixo a lista completa dos vencedores:
Cinema
Filme de Drama – Moonlight
Ator de Filme de Drama – Casey Affleck – Manchester à Beira-Mar
Atriz de Filme de Drama – Isabelle Huppert – Elle
Filme de Comédia – La la Land – Cantando Estações
Atriz de Filme de Comédia – Emma Stone – La la Land
Ator de Filme de Comédia – Ryan Gosling – La la Land
Ator Coadjuvante de Cinema – Aaron Taylor- Johnson – Animais Noturnos
Atriz Coadjuvante de Cinema – Viola Davis – Fences
Diretor – Damian Chazelle – La la Land
Filme Estrangeiro – Elle
Animação – Zootopia
Roteiro – La la Land
Trilha Sonora – La la Land
Canção – City of Stars – La la Land
TV
Série de Drama – The Crown
Ator de Série de Drama – Billy Bob Thornton – Goliath
Atriz de Série de Drama – Claire Foy – The Crown
Filme para TV ou Série limitada – American Crime Story
Ator de Filme para TV ou Série Limitada – Tom Hiddleston – The Night Manager
Atriz de Filme para TV ou Série Limitada – Sarah Paulson – American Crime Story
Série de Comédia – Atlanta
Ator de Série de Comédia – Donald Glover – Atlanta
Atriz de Série de Comédia – Tracee Ellis Ross – Black-ish
Ator Coadjuvante em Série, Filme para a TV ou Série Limitada – Hugh Laurie – The Night Manager
Atriz Coadjuvante em Série de TV, Série Limitada ou Filme para TV – Olivia Colman – The Night Manager