Acompanho o Oscar desde pequena. Creio que o primeiro que me lembro ter assistido foi quando tinha seis anos. O ano em que isso aconteceu realmente não importa, rs! De qualquer maneira, o que isso quer dizer é que vi muitas, mas muitas mesmo. E também com certeza, nunca vi uma festa tão ruim com a deste ano, que aconteceu ontem à noite. A culpa não foi apresentador, Jimmy Kimmell, que até conseguiu ser divertido em vários momentos, especialmente com suas brincadeiras com seu BFF Matt Damon, Mas especialmente pela mensagem clara que a Academia desejou passar. O Oscar deste ano não homenageou os melhores filmes, e sim defendeu as ideias mais “apropriadas” para este momento de revolta de Hollywood com a era Trump.
Quando foram anunciadas as indicações em janeiro, elas eram resultado de um momento diferente, quando Hillary Clinton era a favorita para chegar à Casa Branca, Hollywood estava em festa, todos estavam otimistas. Resultado: um musical “pra cima”, uma história de amor, visualmente lindo, La La Land: Cantando Estações, conseguiu o recorde de 14 indicações. Só que no meio do caminho aconteceu Donald Trump, com seus pensamentos retrógrados, seus muros e seu ódio constante contra a imprensa, Hollywood, estrangeiros e o mundo.
Ou seja, aparentemente não era mais o momento de premiar musicais coloridos e histórias de amor. Era tempo de Hollywood defender tudo o que tivesse uma mensagem desafiadora, uma forma de mostrar que eles eram contra tudo o que Trump defende. O que inicialmente poderia parecer louvável, fez um desserviço ao cinema. Cinematograficamente falando, acabou se premiando um filme muuuuito inferior, com algumas mensagens certamente condenáveis (os dois heróis do filme são traficantes). No final, Moonlight: Sob a Luz do Luar, um filme interminável, para mim o mais fraco de todos os candidatos, foi o melhor filme segundo esse novo tipo de pensamento. É pena!
Além de tudo isso, ainda houve aquela confusão a lá Miss Universo, onde Faye Dunaway e Warren Beaty, comemorando os 50 anos do lançamento de Bonnie e Clyde, anunciaram erroneamente que La La Land era o vencedor. Confusão nos bastidores, um homem sai correndo enquanto os produtores de La La Land faziam seu discurso no palco (até parecia atentado!), e para o choque de todo o mundo presente no local, ou assistindo na TV, falaram que Moonlight era o melhor filme. No início, a maioria achou que era um problema de Warren Beatty. Depois começou a se dizer que deram o envelope errado para Warren, contendo o prêmio de melhor atriz para Emma Stone, de La La Land. Por isso, todo aquele suspense antes de anunciar o vencedor, Warren Beatty não estava brincando, nem estava gaga, estava confuso. Aparentemente, o problema foi uma confusão da Price Waterhouse, que administra os votos, que inclusive já publicou um pedido oficial de desculpas. Mas é preciso ainda aguardar uma posição oficial da Academia, o que até o momento em que escrevo este texto não aconteceu.
No final, La La Land ganhou o maior número de Oscars, com seis estatuetas: Diretor (Damien Chazelle), Atriz (Emma Stone), fotografia, cenografia, trilha sonora e canção – City of Stars. Além de melhor filme, Moonlight levou outros dois, Ator Coadjuvante ( Mahershala Ali) e roteiro adaptado. Manchester à beira-mar terminou com dois: Ator (Casey Affleck, injustamente batendo Denzel Washington) e roteiro. Ainda foi um momento de redenção de Mel Gibson, já que ele foi amplamente agradecido pelos responsáveis por edição e mixagem de som. E Um Limite entre nós ficou somente com o prêmio de atriz coadjuvante para Viola Davis, que arrasou num belo e emocionante discurso.
Falando em emocionante, obviamente o In Memoriam sempre é bonito, e teve uma linda interpretação de Sara Bareilles para Both Sides Now, de Joni Mitchell. Mas para mim, o momento mais incrível foi quando as atrizes de Estrelas Além do Tempo, Taraji P. Henson, Octavia Spencer e Janelle Monae, chamaram ao palco do Oscar a verdadeira Katherine Johnson, biografada no filme. Foi um momento lindo numa noite para esquecer.
Abaixo, a lista dos vencedores :
Filme – Moonlight: Sob a Luz do Luar
Diretor – Damian Chazelle – La La Land: Cantando Estações
Atriz – Emma Stone – La La Land: Cantando Estações
Ator – Casey Affleck – Manchester à Beira-Mar
Atriz Coadjuvante – Viola Davis – Um Limite entre Nós
Ator Coadjuvante – Mahershala Ali – Moonlight: Sob a Luz do Luar
Roteiro – Manchester à Beira-Mar
Roteiro Adaptado – Moonlight: Sob a Luz do Luar
Mixagem de Som – Até o Último Homem
Trilha Sonora – La La Land: Cantando Estações
Fotografia – La La Land: Cantando Estações
Cenografia – La La Land: Cantando estações
Figurino – Animais Noturnos e Onde Habitam
Cabelo e Maquiagem – Esquadrão Suicida
Edição – Até o Último Homem
Edição de Som – A Chegada
Efeitos Visuais- Mogli o Menino Lobo
Animação – Zootopia
Canção – City of Stars – La La Land: Cantando Estações
Filme Estrangeiro – O Apartamento
Documentário de Curta-Metragem – The White Helmet
Curta-Metragem de Animação – Piper
Documentário Longa – O.J.: Made in America
Curta Metragem – Sing
Alan Fernandes
27 de fevereiro de 2017 às 3:53 pm
o que esperar de uma edição onde a Academia já começou querendo corrigir o passado. A perturbadora sombra do ano anterior onde o Oscar foi acusado de racista é claro que esse ano eles queriam provar que são descolados e falam todas as línguas e amam todos os povos e culturas. A Academia tentou derrubar um muro que ela mesmo ergueu e foi infeliz do começo ao fim.
Os prêmios mais coerentes da noite foram o de Viola Davis como coadjuvante e Damien Chazelle como diretor.
Dentre tantos injustiçados que ficaram de fora da disputa o que esperar das demais categorias de interpretação: “enfiem esse prêmio em quem quiserem que vai dar na mesma”.
Claro, já que começamos o Oscar desse ano parecendo piada com a cara do público e da crítica porque não terminar do mesmo jeito com aquela situação ridícula no anuncio do vencedor do prêmio de melhor filme??? E você continue acreditando que aquilo foi mesmo um erro?!?! Tá bom!!!
A Academia conseguiu se superar, esse ano eles conseguiram premiar simplesmente o que eles tinha de pior, Moonligth era a coisa mais chataaaaaaaaaaaaa que existia na lista de melhor filme, isso só nos mostra o que público e crítica deveriam ter visto a muito tempo: não se pode mais levar a Academia e nem o Oscar tão a sério, porque nem eles se levam a sério mais.
Sil Almeida
9 de agosto de 2018 às 7:47 pm
Nossa, acho que desde o ano que Gwen “roubou” o Oscar de Cate e aliás também foi injustamente eleita a mais bem vestida com aquele vestido rosa de debutante ?, Eu também não me sentia tão injustiçada.
Também comecei a assistir ao prêmio com uns 5 anos e desde então não perco UM! O que claro faz com que a gente “entenda” o que a Academia quer dizer. Não acho que La La Land merecia melhor filme, e eu AMO MUSICAIS, mas também não sei se Moonlight era o vencedor da noite.
Agora que foram super injustos com a premiação de Fences foram. Denzel merecia levar para casa seu 3º Oscar e entrar sim para o Hall dos “Mais Mais da Academia” e Viola não merecia Melhor Atriz Coadjuvante e sim Atriz Principal. E desculpa Emma Stone, na próxima você ganharia pq Viola é Rainha, assim como Taraji e Octávia que acabaram em segundo plano pq obviamente não ganhariam de Viola.
E sabe o que me irrita? Pessoas do meio dizendo que foi pq a Viola era desconhecida. Desconhecida?! Já com duas indicações ao Oscar anteriormente, a primeira por um filme onde ela aparece uns 5 minutos, a atriz já ganhou Bafta, Tonys, Emmy, Golden Globe e foi eleita em 2012 uma das pessoas mais influentes do mundo? Então como assim ela é desconhecida… E vamos combinar que Fences não existiria sem a personagem dela, tanto que no Tony ela ganhou por Melhor Atriz.
E sim, vou seguir achando injusto colocarem Andrew Garfield e Dev Patel como Coadjuvantes também.
Realmente foi um Oscar entre os piores que eu já vi.
Beijos!
Sil