Já falei aqui algumas vezes sobre esse novo poder dos espanhóis e seus filmes e séries. Isso ficou mais forte especialmente no streaming na Netflix. La Casa de Papel foi um sucesso mundial. Filmes como a trilogia de Baztan, foram consagrados por lá. E agora mais uma série espanhola chega aqui. Dessa vez, pela HBO. Pátria é uma produção da HBO Europa. Estreia nesse domingo, (27), às 21 horas na HBO. A série tem oito episódios. Eu já vi os dois primeiros, e gostei bastante.
A história
Pátria se baseia no livro de sucesso de Fernando Aramburu. A ação se desenvolve ao longo de três décadas no País Basco. Duas famílias amigas são divididas pelas consequências de uma guerra civil. Ainda mostra como as pessoas comuns vivem no contexto de um conflito. A vida de Bittori (Elena Irureta) e sua família muda no dia em que uma tragédia acontece. O ETA (grupo separatista basco) mata seu marido. Isso afeta também a família de sua amiga Miren (Ane Gabarain). Isso porque o filho de Miren milita no grupo nacionalista. Então, ela corta relações com Bittori. Ao mesmo tempo, todos terão que lidar com o luto e contradições. E a vida segue seu próprio curso. Sempre com novos elementos que afetarão o futuro.
A crítica
As ações do passado , e aquelas de 30 anos depois, acontecem paralelamente nesses dois capítulos iniciais. Com isso, a história vai e volta. Sempre mostrando o acontecimento principal de diferentes perspectivas. Deixa a curiosidade de como fatos do presente chegaram àquele momento. E também o que motivou a separação de famílias que eram tão próximas. Aliás, grandes momentos das duas atrizes, Elena e Ane. Outro fator chama a atenção. Como a vítima acaba sendo tratada como pária. Especialmente quando retorna para onde a tragédia aconteceu. Seu único objetivo é descobrir que matou o marido.
É difícil imaginar como é viver numa situação de guerra civil. Pátria mostra bem a desconfiança e a violência, que são contumazes nesses momentos. O mais triste é ver como uma amizade de uma vida pode se tornar algo profundamente distante. Os dois primeiros episódios deixam um gostinho amargo. Mas também de “quero mais”. O roteirista e produtor executivo Aitor Gabilondo, fala so
O ETA
Para quem não conhece o ETA, ele foi fundado em 1959. Na época, era uma associação cultural. Só que no final dos anos 70, seu objetivo era a proclamação da independência do País Basco. Utilizou inclusive métodos violentos. Estes consistiam em assassinatos, sequestros, extorsões. Para financiar suas ações, comerciantes locais deveriam contribuir para a causa. Isso ficou conhecido como “imposto revolucionário”. Aquele que se negasse a fazê-lo era ameaçado de morte ou assassinado. Em 2011, o grupo anunciou o fim de suas ações armadas. E em 2018, houve sua dissolução. Mas, mesmo assim, o assunto ainda é tabu. O roteirista e produtor executivo Aitor Gabilondo falou sobre isso numa entrevista. “É um coisa muito sensível. As feridas continuam abertas. Ainda não conseguimos digerir.”