Eu me lembro bem o barulho que fez a exibição da minissérie Pássaros Feridos quando foi exibida aqui no SBT. Ela já havia passado nos Estados Unidos e o SBT a colocou no horário nobre, acreditando que iria levantar a audiência. Só que ninguém previu o sucesso que aconteceu. A TV Globo, que reinava absoluta, passava uma novela da qual não me lembro (acho que era Roque Santeiro), chegava a atrasar de propósito sua programação para que o público não mudasse de canal. Por sua vez, Silvio Santos, que nunca foi bobo, colocava desenhos de Tom & Jerry para preencher o horário e um anúncio que Pássaros Feridos começaria somente quando a novela acabasse. Ninguém tinha visto antes algo parecido na TV entre emissoras concorrentes. É bom lembrar que na época (1985), o home vídeo (ainda o VHS) praticamente engatinhava e canais de TV por assinatura eram ainda uma coisa muito distante da realidade. Internet, nem pensar! A TV aberta tinha praticamente 100% da atenção do público.
Lembrei disso hoje quando vi a notícia sobre a morte de Colleen McCullough, a australiana autora do livro em que a minissérie é baseada. Ela morreu hoje, aos 77 anos, em seu país natal, segundo anunciou o Sydney Morning Herald. Ela escreveu outros 10 romances, inclusive Tim, que virou filme com Mel Gibson em 1979. Mas seu grande sucesso foi mesmo Pássaros Feridos , que ela escreveu ainda nos anos 70.
A minissérie é de 1983 (passou aqui pela primeira vez em 85) e teve 10 episódios. Contava a história da família Cleary durante o período de 60 anos. Desde que se mudaram da Nova Zelândia para a Austrália para ajudar na fazenda de propriedade de Mary Carson (Barbara Stanwick, premiada com o Emmy e o Globo de Ouro, irmã do patriarca Paddy (Richard Kiley). A personagem central era a filha mais nova, Meggie (Rachel Ward), que é completamente apaixonada pelo padre Ralph (Richard Chamberlain). O padre também ama mas por razões óbvia e mais ainda por sua sede de poder dentro da igreja, vai embora da cidade. Meggie tenta esquecer o padre se casando com Luke (Bryan Brown, o único australiano do elenco) mas ela e o Padre vão se reunir novamente, provocando mais situações trágicas e apaixonantes.
Abaixo está um trailer da época. Pode parecer ultrapassado hoje, com edições rápidas e qualidade HD. Mas é impossível negar a química entre Richard Chamberlain e Rachel Ward, a força de Barbara Stanwick, o jeito sexy de Bryan Brown. E eram todos tão bonitos!!
Além do prêmio de Barbara Stanwick, Pássaros Feridos ganhou outros 5 Emmys: maquiagem, direção de arte, edição, ator coadjuvante (Richard Kiley) e atriz coadjuvante (Jean Simmons). No Globo de Ouro, ganhou quatro ao todo: Atriz coadjuvante para Barbara, ator para Richard Chamberlain, ator coadjuvante para Richard Kiley e melhor minissérie.
Na minha opinião foi uma das mais belas produções da época de ouro das minisséries (destaco também O Último Conversível). Inesquecível até hoje, teve uma continuação fraca em 1996 também com Chamberlain, mas com atriz Amanda Donohoe como Maggie. Não tinha a mesma magia.
Há pouco tempo, Chamberlain (que estava bem parecido com sua caracterização do Padre Ralph já velho), Rachel e Bryan Brown (que se casaram na vida real na época e continuam juntos até hoje) se reuniram num painel de um especial chamado Pioneiros da Televisão. Bela foto!