A escolha do assunto para a segunda temporada de American Crime Story deve ter sido um momento difícil para o produtor Ryan Murphy. Afinal, a primeira, dedicada ao julgamento de O.J. Simpson, se tornou uma das séries mais premiadas do ano passado, inclusive com as triunfantes atuações de Sarah Paulson e Sterling K. Brown. Na verdade, American Crime Story: The Assassination of Gianni Versace, deveria ser o tema da terceira temporada, mas algo deu errado com o tema escolhido anteriormente para a segunda – sobre as vítimas do furacão Katrina – e Versace foi adiantado. A temporada de nove episódios estreia hoje às 23 horas no canal FX.
Eu assisti ao primeiro episódio em uma sessão para a imprensa, e fiquei muito bem impressionada. Já a primeira sequência começa com os momentos que aconteceram naquela manhã da morte do estilista (Edgar Ramirez), acompanhando os movimentos tanto dele quanto do assassino, Andrew Cunanan (uma incrível atuação de Darren Criss). Ao som de uma ópera, tem um trabalho de direção, e principalmente de edição, brilhantes. Já valem o episódio. A partir daí a história fará várias viagens de ida e volta no tempo, mostrando não só como Versace e Andrew se conheceram, como as cenas posteriores ao assassinato, com a chegada da irmã Donatella (Penelope Cruz, com uma dentadura que não a deixa nem falar direito) e as reações do companheiro, Anthony D’Amico (Ricky Martin, surpreendente).
A série é baseada em um livro chamado Vulgar Favors, de Maureen Orth, uma jornalista que acompanhou a caçada da polícia a Andrew Cunanan, um psicopata que já havia matado quatro homens antes de chegar a Versace. Dessa forma, é bem provável que a série também tenha como personagem central o assassino e não o famoso Versace.
Por outro lado, aparentemente a família não gostou da ideia, e enviou o seguinte comunicado para a imprensa:
“A família Versace não autorizou nem teve qualquer envolvimento na série de TV sobre a morte do Sr. Gianni Versace. Visto que a família também não autorizou a confecção do livro no qual a série é em parte baseada, nem participou da confecção dos roteiros da série, ela deve ser considerada apenas um trabalho de ficção”.
E Ryan Murphy, que não tem papas na língua, tratou de dar uma declaração a Variety, dizendo o seguinte:
“A história é baseada no livro de Maureen Orth, que é uma celebrada obra de não-ficção que foi aprovada há quase 20 anos. É tudo que eu tenho a dizer sobre isso, além de que, é claro que se sua família está sendo retratada em algum lugar, é natural ter um sentimento de ‘bom, vamos esperar e ver o que acontece'”.
De qualquer maneira, já na largada, a série já mostra os diversos bastidores da história, inclusive o preconceito da polícia, a determinação de Donatella, e o sentimento de D’Amico. Parece um novelão. Não poderia ser mais diferente da temporada passada. E como sempre, Ryan Murphy surpreende. A cada nova série e a cada nova temporada, o criador de Glee não me desaponta e sempre me conquista.