A febre das séries, incluindo as da TV – Game of Thrones, por exemplo, que estreia dia 16 – e as exclusivas dos serviços de streaming como a Netflix – minha favorita continua sendo House of Cards – tem o seu lado difícil. Afinal, são tantas para ver, que você acaba deixando passar várias. Até porque, do contrário, você acaba sem vida social. Mais ou menos como descrito num divertido número de abertura de uma festa do Emmy de alguns anos atrás, com Andy Samberg se fechando num bunker, sem tomar banho ou falar com outras pessoas, para conseguir ver todas as séries disponíveis.
É claro que mesmo quando você se dedica a escrever sobre o assunto, não é possível ver tudo. Então, você acaba dando uma atenção especial às mais badaladas. Mas o que eu gosto mesmo é de descobrir algumas que não recebem páginas de divulgação, ou milhões de toques, e que se revelam ótimas e imperdíveis. Esse é o caso de Designated Survivor.
Nos Estados Unidos, ela é exibida em horário nobre em uma das grandes redes, a ABC. Sua primeira temporada durou de setembro do ano passado a maio deste ano. No resto do mundo, inclusive no Brasil, os direitos pertencem à Netflix, inclusive para sua segunda temporada, que já foi aprovada.
Criada por David Guggenheim, a série é descrita por ele mesmo da seguinte forma: “Há um componente de The West Wing (série que durou de 1999 a 2006, com Martin Sheen no papel principal), de um homem e sua equipe governando o país num momento crítico. Também tem um aspecto similar ao de Homeland, sobre a investigação de uma conspiração. E, é claro que há um componente de House of Cards, sobre como os personagens veem a si mesmos e a situação do governo como um negócio”.
Pessoalmente, eu creio que há ainda uma sensação que cada episódio pretende ser um filme de ação e espionagem ao contar como Tom Kirkman (Kiefer Sutherland, o Jack Bauer) se tornou presidente dos Estados Unidos. Isso porque na noite do importante discurso do Estado da União, um grande ataque terrorista acontece, tirando a vida do presidente e de todos os membros do Gabinete, exceto o Secretário de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos Estados Unidos, ou seja, Tom, que foi deixado de fora do evento como o sobrevivente designado. Mesmo sendo considerado por todos fraco e inepto, ele é imediatamente empossado como presidente, sem saber que o ataque é apenas o começo do que está por vir, e que ele terá que provar que não é o tonto que todos imaginam.
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A série segue também o drama de outro personagem, a agente do FBI, Hannah Wells (Maggie Q, de Nikita e Stalker), que começa a investigar o ataque, e a perceber que nem tudo é exatamente o que parece ser. As vidas desse dois correm paralelamente até o momento em que novos problemas fazem com que se encontrem. Mas não há romance ali. Tom é apaixonado por sua esposa, Alex (Natasha McElhone, de Californication).
Todos os episódios têm perseguições, descobertas, momentos de suspense, e intrigas de bastidores. Num primeiro momento, Tom Kirkman parece inocente e bonzinho demais, aquele tipo que não existe. Entretanto com o tempo, você acaba se acostumando com isso, e até vendo o seu real talento em agregar pessoas. E seja aqui ou nos Estados Unidos, acaba sonhando sobre como seria incrível um presidente como aquele.
O final já deixa um caminho para a segunda temporada. Esse será o grande desafio de Designated Survivor, que terá um novo showrunner. Como conseguir manter mais 22 episódios com esse alto nível de tensão e reviravoltas? Ainda não foi anunciada a data da estreia. Mas, por enquanto, se você não conhece, vale a pena fazer uma super- maratona na Netflix com a primeira temporada. É uma série das boas!