O streaming permite que as séries tenham um conteúdo que provavelmente nunca poderíamos ver em canais normais. Com a possível exceção da HBO, rs. É o caso de Amizade Dolorida (adorei o título, rs), que faz comédia com sadomasoquismo. Tem duas temporadas disponíveis na Netflix. Meu amigo José Augusto Paulo assistiu, e adorou.
Amizade Dolorida
Fazer humor com tópicos relativos a sadomasoquismo têm suas facilidades, mas também seus riscos. Nós realmente não sabemos o que excita a maioria da população. Ou mesmo os nossos vizinhos (talvez um ou outro pelos sons que escutamos, rs). Mas balancear isso com uns insights mais sérios sobre temas como poder, dominação, dor e capacidade de amar, requer saber refinar bem os dois lados. Especialmente para que um não faça o outro irrelevante. Eu acho que Amizade Dolorida faz isso muito bem.
A série da Netflix, que lancou os episódios de sua segunda temporada no final de Janeiro, aparecia por vezes nas minhas listas de sugestões. Assisti o trailer uma vez e achei um pouco bobo. Mas, um dia busquei mais informações. E me dei conta de que os episodios eram curtos, então decidi tentar… Acabei assistindo a todos em três dias… e isso porque assisto poucas horas por dia.
A história
Os principais protagonistas são Tiff (Zoe Levin, de O Verão da Minha Vida), estudante de psicologia e dominatrix nas horas vagas, que é amiga desde o tempo de escola de Pete (Brendan Scannell – Heathers). Ele é um garcom que tenta ser comediante, mas tem incertezas. Por um desses atalhos da vida, Pete se torna o assistente da dominatrix. Ela tem como colega de curso Doug. Este é feito pelo competente Micah Stock, que faz o namorado quase equilibrado que todos gostariam de ter. Já o caminho de Pete se cruza com o do sempre bem vestido e penteado Josh (Theo Stockman, muito mais atraente de barba e óculos). Outros personagens adicionam humor e também seriedade a uma série facil de assistir, mas que nos faz pensar. Pequenos monólogos aqui e ali nos questionam. Também nos fazem comparar a nossa situacao e a de cada personagem. O sexo é discreto e a série fica somente mais explícita na segunda temporada.
O director faz bom uso de close-ups e planos americanos, com algumas sombras. É como algo que se queira esconder. A producão esbanja cores escuras, algum neon, e uma masmorra bem mais limpa e ordenada do que a que aparece em Pose. A fotografia consegue driblar os ambientes escuros. Tem também uns ângulos diferentes do esperado, com uma textura suave, fresca, sem marcas ou traços. O assunto chega a ser risqué. Mas em momento algum a série fica vulgar e nem os personagens infames. Boa diversão para quem busca algo mais alternativo.