Uma das coisas sensacionais do streaming é que você encontra filmes com atores que você gosta que nem sabia que existiam. Foi o meu caso na noite passada com Jantar com Beatriz, com Salma Hayek. Nunca tinha ouvido falar dessa pequena produção de 2017, com um elenco sensacional. E a encontrei por acaso no Star Plus. Não é um filme fácil, mas tem uma das melhores atuações da carreira de Salma Hayek, totalmente contra o estereótipo de personagem que estamos acostumados a vê-la fazer.
A Beatriz do título é uma imigrante de uma cidade pobre no México. Usa sua bondade inata para construir uma carreira como um profissional de saúde. Num belo dia, seu carro não pega depois de realizar um atendimento na casa de Kathy. Esta então convida Beatriz para ficar para o jantar que ela irá oferecer a alguns amigos. Entre eles está Doug Strutt, um empresário desleal que se tornou bilionário. Quando esses dois opostos se encontram em um jantar, seus mundos colidem e eles jamais serão os mesmos.
O que achei?
O objetivo do roteiro é fazer uma parábola sobre a divisão de pobres e ricos. A ideia era também ser uma grande crítica a forma de pensar da Era Trump. Beatriz se vê convivendo com os ricos, que não têm pudores, vergonha, e só pensam em ganhar mais dinheiro. Enquanto ela vive uma vida difícil e ainda teve o seu carneirinho assassinado. O momento em que esses dois extremos se encontram, é impossível não haver um enfrentamento. Há poucas explicações, muitas coisas são deixadas no ar – até o próprio final é aberto. Entretanto, apesar do filme ser até um pouco infantil em sua premissa de estabelecer esse duelo de extremos, há um elenco que vale a pena.
Entre os coadjuvantes estão a sempre ótima Connie Britton como a única rica simpática, e Chloe Sevigny como a totalmente fútil. John Lithgow é o milionário grande vilão da história – e ele está fantástico. Mas o filme pertence a Salma. Totalmente contida, quase com uma pose de santa, ela demonstra que quando quer, é uma excelente atriz. E ainda aparece praticamente sem maquiagem – muito bem, aliás. Diz a lenda que o papel neste filme lhe foi oferecido como um presente de aniversário. E ela soube aproveitar cada momento.
No final, o filme vale por Salma , pelo elenco, e por sua tentativa um tanto ingênua de mostrar a luta de classes. Não é tão bom, mas é bem intencionado. E tem só 1h21 minutos. Nestes tempos em que um monte de filmes tem quase 3 horas, é um alívio.