A frieza e a distância presentes em Meu Policial

Normalmente, os filmes que seguem o caminho do “e se…” me emocionam profundamente. É aquela visão de caminhos não percorridos, de amores que não seguem em frente. E Meu Policial/ My Policeman, que está na Prime Video, fala justamente sobre isso.  Só que apesar de ser visualmente belíssimo, não me emocionou como esse tipo de história geralmente faz.

O filme se baseia no livro de Bethan Roberts, de 2012. Conta a história de um triângulo amoroso nos anos 50 e depois nos anos 90.  Tom (Harry Styles) e Marion (Emma Corrin, a Lady Di de The Crown, substituindo Lily James) começam a namorar nos anos 50. Só que não é um namoro fogoso como se espera de jovens apaixonados. E logo tudo se explica quando Patrick (David Dawson, de The Last Kingdom) entra na história. Ele e Tom se apaixonam e começam um romance incendiário numa época em que a homossexualidade era proibida por lei. Só que Tom decide levar a vida com os dois – e pede Marion em casamento.  Por um tempo a coisa funciona até que…  Esse história é entremeada com momentos do presente (no caso anos 90). Marion e Tom continuam casados, e Patrick, agora com a saúde muito frágil, chega na casa deles.  Os três são vividos por  Gina McKee (de Um Lugar Chamado Notting Hill),  Linus Roache e um inesperado Rupert Everett.

O que achei do filme?

Meu Policial tem uma fotografia, direção de arte, trilha sonora perfeitas. A história também é interessante, mostrando um período em que ser diferente era contra lei. A diferença é que tudo é feito com uma frieza e uma distância incríveis. Por isso não consegue envolver, nem emocionar. E há também o distanciamento de tempo. É quase impossível nos dias de hoje compreender boa parte das atitudes de Marion, por exemplo. Afinal, o papel da mulher mudou tanto que é inconcebível conceber suas ações – ou a falta delas.

Ao contrário da maioria, não acho que Harry Styles é um ator ruim. Acho que está excelente em Dunkirk, e funciona bem em Não se Preocupe, Querida. Aqui acho que é seu momento mais fraco. Especialmente na cena em que Tom assume –  finalmente  – a situação para Marion. Entretanto, no geral, não me incomodou. Mas, é claro, que ao lado do ótimo David Dawson, a diferença de talento fica ainda mais gritante. Quando os personagens ficam mais velhos, o grande destaque é Gina McKee, como a Marion mais velha. Ela tem uma doçura, e ainda um olhar que passa toda a sensação de tempo perdido. É o grande destaque de Meu Policial.