Com o risco de ser cancelada (rs), devo dizer que nunca fui grande fã de Sophia Loren. Sempre a achei exagerada demais, tanto nos dramas como nas comédias. Até por causa disso acabei não assistindo Rosa e Momo, que já estreou há um bom tempo na Netflix. Na época chegou-se a cogitar uma possível indicação ao Oscar para Sophia. Não rolou. A única indicação foi para melhor canção, Io si, de Diane Warren e Laura Pausini. Mas a história conquistou corações no mundo. Nele, a atriz , já com mais de 80 anos, teve a direção de seu filho, Edoardo Ponti. Meu amigo José Augusto Paulo o assistiu recentemente, e escreveu sobre o filme. Se ainda não viu, veja o que ele achou…
Rosa e Momo
Tenho visto, através dos anos, as variações nos números dos imigrantes africanos na Itália. Isso provoca em mim aqui e ali diferentes opiniões a respeito. Por isso, fiquei curioso em saber como um filme italiano trataria o tema. Tambem fiquei curioso em saber como estaria a atuação de Sophia Loren aos seus 85 anos. Especialmente depois de ter assistido recentemente atuações dela em 1955. Fiquei à espera de um momento em que pudesse me sentar e concentrar para assistir Rosa e Momo, já que esperava que fosse em italiano. E, no final, o filme não foi o que eu esperava. Mas foi muito bom.
O tema do menino principal ser africano é algo mencionado, mas não há uma discussão a respeito. Outras crianças no filme vem de outro continente. Talvez por isso, fala-se mais inglês (assim como algum romeno e um pouco de hebraico) do que italiano. Isso é estranho dado que as crianças do filme cresceram na Itália. E Sophia, aos 85 anos, não é mais doce Ximene em El Cid. Mas isso a tornou menos beleza exótica e mais intensa como atriz.
A história em si é relativamente simples. Um menino orfão, nascido no Senegal, mas que vive há anos na Itália, começa a aprontar. É quandoum médico que cuidava dele decide que o garoto precisa de uma figura materna. Ele o leva então para uma ex-prostituta que já cuida dos filhos de outras prostitutas. Só que esta, a principio, não quer ficar com o menino. Depois ela o aceita, e até tenta lhe arranjar emprego. Uma realidade dura e simples, mostrada sem muito enfeite, mas como pode ser. Não posso contar mais para não estragar as surpresas que o filme reserva.
O que achei?
Filmado em Bari, uma cidade que me é querida, dá para reconhecer que foi feito nas beiradas do centro, na praia ‘nova’, e perto da ferroviária. Evitou seus pontos turísticos mais reconheciveis. Com isso, fez com que pudesse ser qualquer outra cidade italiana, especialmente do Sul. Muita luz, muita energia, muita dureza. E uma produção que se concentra nos personagens, nas suas interações, sem dar muitas dicas a seu respeito no ambiente em que vivem e trabalham. Mas há beleza, há ternura e toques de esperança no meio das várias dificuldades de Rosa e Momo.