Provavelmente devido à explosão do streaming, já faz tempo que boa parte dos filmes estão com mais de duas horas de duração. Isso pode até funcionar em alguns casos, especialmente nas grandes produções. O próximo Batman, com Robert Pattinson, por exemplo, terá 2h55!! Acho que o mais importante é que o filme tenha o que dizer nesse tempo, e não se torne cansativo. E confesso que isso anda difícil de achar. Por isso, fiquei feliz de encontrar um filme de suspense/ação tão bem feito, e simples ao mesmo tempo. Com um roteiro certinho, sem uma gota de gordura, que mantém a atenção todo o tempo. E ainda com 1h30 de duração!! É Kimi: Alguém está Escutando, de Steve Soderbergh, que estreou esse fim de semana na HBO Max. Recomendo!
Tudo se passa durante a pandemia do COVID-19 em Seattle. Angela é uma jovem que sofre de agorafobia – um transtorno de ansiedade onde a pessoa fica ansiosa em lugares desconhecidos ou sente que não tem controle sobre a situação. Ela não consegue sair de casa, e trabalha com uma nova tecnologia, similar à Alexa, resolvendo problemas de programação. Só que ela descobre evidências de um crime violento ao revisar um fluxo de dados. E pior, encontra resistência e burocracia quando tenta denunciá-lo à sua empresa. Para resolver isso, ela resolve enfrentar seu maior medo. Sai de seu apartamento e vai para as ruas da cidade. Só que já tem gente atrás dela.
O que achei de Kimi?
O filme tem diversas referências. Começa com Janela Indiscreta, passa por A Rede. E ainda Quarto do Pânico (o roteirista é o mesmo). E ainda Um Tiro na Noite e vários outros filmes de Brian De Palma e Alfred Hitchcock. Mas, mesmo assim, ele tem um frescor que mantém o suspense todo o tempo. Em sua primeira metade ele se concentra em tudo que acontece com Angela (Zoe Kravitz) dentro de seu apartamento. Como é seu comportamento, suas manias, as conversas por Facetime com a Mãe (Robin Givens), o dentista, e psicóloga. E também com um especialista em tecnologia divertido chamado Darius (Alex Dobrenko), que vive na Romênia.
Na segunda parte, o filme segue a cartilha de perseguição e thriller de conspiração. Mas sempre com um toque diferenciado, e um timing perfeito. Soderbergh consegue que você se sinta como Angela, e os exteriores sejam mais sufocantes que seu apartamento. E além disso, tem uma atuação surpreendente de Zoe Kravitz. Sempre achei que ela é uma atriz superestimada, que parece que está sempre com um certo enfado nas cenas. Só que aqui, ela é eficiente até em sua expressão corporal – repare nas cenas em que anda rápido nas ruas! A tensão é constante e a câmera está sempre nela. Me fez mudar de opinião com relação à atriz. E também há uma única cena com Rita Wilson, como a compreensiva chefe de Angela. Tão boazinha – logo você percebe que aquilo não pode ser real.
Faz tempo que não vejo um filme do gênero que me surpreendesse tão positivamente. Fica a dica para conhecer Kimi na HBO Max.