Aftersun é um daqueles filmes bem badalados da temporada de prêmios. Ganhou vários troféus da crítica. No Oscar desse ano, conseguiu uma indicação para Paul Mescal. Eu acabei perdendo a cabine para imprensa, e só fui ver ontem no MUBI – o filme continua em cartaz em algumas salas também.
A maior parte da trama se passa no final da década de 1990. Sophie, de onze anos, e seu pai Calum passam as férias em um clube na costa turca. Eles tomam banho, jogam bilhar e desfrutam da companhia amigável um do outro. Calum se torna a melhor versão de si mesmo quando está com Sophie. Sophie, enquanto isso, acha que tudo é possível com ele. Quando a jovem está sozinha, ela faz novos amigos e tem novas experiências. Enquanto saboreamos cada momento passado juntos, uma sensação de melancolia e mistério às vezes permeia o comportamento de Calum. Vinte anos depois, as memórias de Sophie ganham um novo significado enquanto ela tenta reconciliar o pai que conheceu com o homem que não conhecia.
O que achei?
Às vezes, confesso, quando estou assistindo um desses filmes favoritos da temporada, tenho a sensação que estou sem paciência. A maioria deles não me conquistou. Vários que foram super elogiados são cansativos e básicos demais na minha opinião. É o caso, por exemplo de Os Banshees de Inisherim, e também é o caso de Aftersun.
A maioria dos colegas amou o filme. Colocou em sua lista de melhores do ano. Só que, apesar de ter alguns bons momentos, me parece aparente demais que é a estreia do diretor, no caso Charlotte Wells. Há uma certa falta de apuro. O filme até consegue passar um conflito interessante com o personagem de Callum, mas que nada fica muito claro. Nem o que realmente aconteceu, nem a razão. Além disso, a “câmera nervosa” chega a ser irritante. As cenas da boate, com a mulher adulta, demoram para ser entendíveis. E quando finalmente são, ficam soltas no ar. É uma história ocasionalmente tocante, mas mal contada.
A menina Frankie Corio é a melhor coisa do filme. É natural, e tem um frescor que prende seus olhos na tela. Já Paul Mescal, que todos adoram, para mim não foi marcante. São poucos os momentos em que a câmera se fixa em seu rosto. Sua cena mais forte é totalmente filmada com ele de costas. Ou seja, sinceramente não consigo enxergar o que a Academia viu.
De qualquer maneira, é preciso deixar claro que Aftersun não é para todos os públicos. Muita gente, como eu, pode achar “legalzinho”. Outros vão com certeza desistir na primeira meia hora. E há aqueles que vão achar que é o melhor filme do ano. E, no final, está aí a magia do cinema. O que funciona para uns, não funciona para outros.
Eloisa
10 de fevereiro de 2023 às 10:18 am
Fiquei assim: essa academia ñ viu esse filme, como assim esse sem_graça total foi indicado p/ ó Oscar???
Eliane Munhoz
10 de fevereiro de 2023 às 8:47 pm
Pois é, também não entendi.