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Alerta de Spoiler faz pensar sobre os relacionamentos

Eu conhecia Michael Ausiello como jornalista do site americano TV Line. Ele sempre teve um humor, um jeito divertido de contar as notícias em vídeos sobre TV. Mas desconhecia totalmente qualquer coisa de sua vida pessoal, que está detalhada em  Alerta de Spoiler . Quando o filme estreou em 2022, acabei perdendo. E agora fiquei com vontade de ver pois meu amigo José Augusto Paulo assistiu e ficou bem envolvido com a história. O filme está disponível na Netflix e na Globoplay. Veja a crítica aqui:

Alerta de Spoiler

O fato do livro autobiográfico (Spoiler Alert: the hero dies: A memoir of love, loss and other four-letter words) que deu origem ao filme, já dizer tanto no seu título, mas com um certo humor, dá a tônica dessa produção e direção de Michael Showalter. Este é um especialista em obras sobre relacionamentos. E o resultado cria mais uma vez um momento para pensarmos. São duas pessoas a enfrentar o que a vida lhes traz e torcendo para que sentimentos e emoções lhes permitam mais uma vitória sobre os desafios. Não torcemos, não nos frustramos, mas observamos e, por vezes, traçamos paralelos.

Michael Ausiello (Jim Parsons, nada atraente, mas excelente na criação dos traumas e bloqueios que Ausiello traz de infância) conhece Kit Cowan (Ben Aldridge, bem parecido com o verdadeiro Kit) em um bar. O que poderia ser um encontro passageiro, se torna, aos poucos, e apesar dos percalços, um relacionamento de treze anos. Nesse tempo Kit tem de sair do armário para seus pais (Bill Irwin, com excelentes falas, e a formidável Sally Field, que está super convincente). Tem ainda que ajustar-se às manias de Michael, e não perder sua autenticidade. Não há spoiler em dizer que Kit vai sofrer um câncer que quase venceu, mas o levará ao fim. E isso me fazia evitar o filme, pois tenho dois amigos que perderam parceiros assim, e sei que a realidade é dura o suficiente. Mas me chegaram às mãos duas cenas do filme e me animei. Não o achei tão  ‘pesado’ como temia.

A análise

E não é. Embora a fotografia seja um tanto escura assim como muitos dos tons usados na produção, o filme tem saídas criativas para lidar com situações tristes ou dolorosas. E o assistimos por ser a realidade de uma vida a dois, com seus prós e contras. Mas tudo sem exageros, sem apelação. É uma versão que não é áspera, mas também não é doce, e ainda assim prende a nossa atenção.

A química entre Jim e Ben é excelente. Eles convencem mesmo com Jim sendo 12 anos mais velho do que Ben (Michael era quase dois anos mais velho do que Kit). O ritmo do filme por vezes parece rápido. Só que  há muito o que contar até chegarmos ao momento em que constatamos que o que Michael passou realmente abriu seu coração, ao invés de somente parti-lo. Ele era uma pessoa que sabia de suas falhas. Ele tinha receio de que Kit não suportasse suas manias e Kit não queria deixar de ser quem era, e assim o foi até o fim. As cenas na terapia de casal mostram bem os desafios de manter o relacionamento que deu em casamento meses antes do fim.

O filme segue um formato mais leve do que The Normal Heart e Do Outro Lado da Dor. Mas  não deixa de reconhecer uma realidade inevitável e trágica. Uma outra forma de ver, sem se perder a essência do que esta a ocorrer. Talvez tenha sido a forma como eu senti o filme. Eu diria que o que levou Ausiello a escrever o livro e depois participar no filme deve ter sido uma imensa vontade de mostrar que, por vezes, o sofrimento da perda nos faz pessoas melhores para o futuro.

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