Muitas vezes, uma produção pode “morrer” por causa de um escândalo. Eu nunca tinha ouvido falar da minissérie Alphonse, com Jean Dujardin. Mas buscando uma série curta na Prime Video, me deparei com ela. Com um elenco interessante resolvi tentar. A análise está abaixo. Só que depois de assistir, me perguntei a razão do “lançamento secreto”, ainda mais porque se trata obviamente de uma produção cara, estrelada por um vencedor do Oscar (por O Artista). Um pouco de pesquisa depois, descobri. O showrunner da série, Nicolas Bedos, está sendo processado por assédio sexual numa boate francesa, onde estava visivelmente alcoolizado. O julgamento será em setembro. Isso explica “o lançamento secreto”, especialmente porque a série tem um grande apelo sexual.
A sinopse oficial tenta ser o mais genérica possível. “Alphonse (Dujardin), é um quarentão que está enfrentando uma crise profissional e em seu casamento. Ele se reconecta com seu pai distante, e descobre um caminho surpreendente. No caminho, ele conhece uma galáxia de mulheres, cada uma mais excitante e peculiar que a outra. Isso o leva a uma jornada que é perigosa e transgressora, mas cheia carinho”. Rsrs! Na verdade, depois de perder o emprego, Alphonse descobre que seu pai se prostitui. Mas quando ele tem um ataque cardíaco, e fica impossibilitado de “cumprir suas funções”, Alphonse resolve assumir o trabalho. A idade das clientes do pai fica por volta dos 60, 70 e 80 anos, o que provoca as mais diversas situações inesperadas.
O que achei?
Além do dia a dia com suas clientes, onde ele usa as mais diversas personalidades/fantasias, ainda há outros dramas. A mãe que foi embora quando ele era criança, e também o neto viciado de uma das clientes. Isso sem contar a esposa de Alphonse, Margot (Charlotte Gainsbourg, de Ninfomaníaca), que se divide entre o casamento e a atração por outras mulheres. Ou seja, muita coisa acontece em seis episódios, rsrs. Mas o problema é que em alguns momentos, a história se torna apelativa demais. A maior parte das clientes tem inseguranças e carências assombrosas. Tento ser uma pessoa com a mente aberta, mas confesso que em diversos momentos me incomodei com isso. A personagem de Nicole Garcia (Martha) é altamente irritante. Cada vez que ela começava com a história do bebê, eu pegava o celular.
Há alguns flashbacks interessantes,entretanto, e a fotografia é linda . A produção também é bem cuidada . A trilha sonora funciona (tem até Gilberto Gil e Gal Costa). Jean Dujardin é sempre um charme, e Charlotte Gainsbourg está ótima – só acho estranho que ela nunca tira tudo menos sutiã nas cenas de sexo, rs. As atrizes veteranas que fazem as clientes são incríveis (e corajosas), pena que o roteiro não lhes faça jus.
E no final…
O último episódio parece altamente corrido. E ainda tem um salto temporal onde os personagens mais improváveis se juntam. Sem esquecer que acontece uma coisa que nunca ocorreria numa série americana (#semspoilers), rsrs. Muita gente vai se chocar com ela. Ah, e já aproveito para avisar que Alphonse tem cenas fortes, inclusive sexo a três, nudez, ou seja, tire as crianças da sala, rs. De qualquer maneira, o final é frustrante. Dá a impressão que tinham certeza que seriam renovados para uma segunda temporada. Mas acho pouco provável, especialmente por causa de toda a situação de Nicolas Bedos. Entretanto, se isso acontecer, vou querer saber como vão resolver essa história. Do jeito que está foi só uma experiência com final frustrante.