Ataque dos Cães vem despontando como um dos grandes favoritos para a Temporada de Premiações desde quando começou a ser mostrado em Festivais. Foi o melhor filme no Festival de San Sebastian. Jane Campion ganhou o prêmio de direção em Veneza, e Palm Springs. Ela também levou o prêmio dos críticos de Nova York, assim como Benedict Cumberbatch (ator) e Kodi Smit-McPhee. Teve seis indicações ao Critics Choice: filme, direção, ator (Benedict Cumberbatch), roteiro adaptado, trilha sonora e fotografia. E deve ter mais outras tantas ao Globo de Ouro (a lista sai nessa segunda – 13). O filme estreou em 1º de dezembro na Netflix. Como estava viajando, só consegui ver ontem. E gostei bastante – vai pra lista dos melhores do ano.
O filme é baseado no livro de Thomas Savage, escrito nos anos 60. Conta a história de Phil (Benedict Cumberbatch) e George (Jesse Plemons). Eles são dois irmãos ricos e proprietários da maior fazenda de Montana. Enquanto o primeiro é brilhante, mas cruel, o segundo é a gentil e delicado. A situação se complica quando George se casa secretamente com a viúva Rose (Kirsten Dunst), que tem um filho que quer ser médico, Peter (Kodi Smit-McPhee). O centralizador Phil fica revoltado, e fará de tudo para infernizar a vida dos recém-chegados.
Jane Campion dirigiu um filme que eu adoro chamado O Piano (disponível no Looke e no Telecine). Na época, foi indicada ao Oscar de direção. Fez diversos outros filmes, mas ultimamente se dedicou à TV, especialmente à série Top of The Lake. Esta tem duas temporadas na HBO Max. Aqui em Ataque dos Cães, Jane é responsável tanto pela adaptação quanto pela direção. É brilhante em ambos.
O que achei de Ataque dos Cães?
Já aviso que Ataque dos Cães não é um filme fácil. É árido e perturbador. É percebido por muitos como um faroeste. Mas, na verdade, ele é muito mais um suspense psicológico. O personagem de Benedict Cumberbatch é uma dessas pessoas que precisam ser o centro das atenções para suprir suas necessidades escondidas. Todo mundo já conheceu alguém assim antes, não é? Ele desmerece e impõe a todos que o cercam uma tortura sem fim. Isso inclui o irmão, e a nova cunhada, que não aguenta a pressão e se entrega à bebida. Aliás, cabe aqui um parênteses. Que atuação de Kirsten Dunst! Eu ficava tensa só de ver o pânico em seus olhos. Repare na cena em que ela tenta tocar piano e é interrompida por Phil tocando um banjo com maestria. É aterrador.
E há também Peter, o filho de Rose. Inicialmente, ele também é alvo da maldade de Phil. Mas depois este começa a ficar intrigado com o rapaz, e resolve conhecê-lo melhor. A partir dessa, começam outras reviravoltas no filme. Ele inclusive termina de uma maneira razoavelmente abrupta, que o deixa ainda mais perturbador. E claro, o centro das atenções é Phil, feito de forma perfeita por Cumberbatch. Nem como Khan em Além da Escuridão – Star Trek ele esteve tão terrível. É desde já um favorito para as premiações – mas tem Andrew Garfield em Tick Tick Boom pela frente.