Uma vez eu cheguei a baixar alguns episódios de Bodkin, da Netflix, para assistir no laptop num fim de semana em viagem. Mas acabei fazendo outras coisas, a série expirou, e eu nunca mais assisti. Por isso, fiquei feliz quando meu amigo José Augusto Paulo me falou que ia escrever sobre ela. O problema é que me deu mais vontade de ver ainda depois de ler sua crítica, rsrs.
Bodkin
Eu sempre gostei de textos irlandeses, seja em livro ou peça de teatro, pois sempre me divertiram. E digo isso cauteloso pois sei que, culturalmente, os irlandeses são um povo que viveu sobre opressão por uma boa parte da sua história. É um país de clima difícil, que pouco produzia, e ainda a registra tragédias como a Grande Fome de 1849. O levante da Páscoa de 1916 foi um caso menor, mas que indiretamente levou à independência. Entretanto gerou também uma sangrenta guerra civil. No final dos anos 60 vieram os ataques terroristas e assassinatos na Irlanda do Norte, que, embora parte do Reino Unido, reparte com a república ao sul aquele jeito de ser todo irlandês.
Portanto me animei quando soube que havia uma série irlandesa na Netflix, a interessante (e por vezes divertida) Bodkin. E o resultado não decepcionou.
A história
A história se passa na fictícia vila de Bodkin na pouco habitada costa oeste da Irlanda (praticamente 70% da população do país vive na costa leste aonde está a capital – Dublin – por razoes geográficas assim como climáticas. O Atlântico Norte e seu clima, com muito vento e chuvas, atinge direta e constantemente a costa oeste). Lá há um festival, parecido com Halloween, que não acontece há muitos anos pois, da última vez, três pessoas desapareceram.
É quando chega a Bodkin, Dove Maloney (Siobhan Cullen) uma jornalista irlandesa, que foi trabalhar no Reino Unido , mas teve que fugir por causa de uma encrenca com uma investigação que fez. Também chegam Gilbert Power (Will Forte), um podcaster norte-americano, que fez sucesso uma vez e agora esta desesperado para repetir a façanha; e Emmy Sizergh (Robyn Cara), sua jovem assistente que pouco sabe fazer se lhe tiram o celular e o tablet. A jornalista veio para acompanhar o podcaster como ‘nativa’, e este busca saber mais sobre o festival e sobre as pessoas da região. Eventualmente eles passam a investigar o que teria acontecido com os três desaparecidos.
A opinião
A partir daí, se torna um thriller razoável, com um pouco de violência (ao que os irlandeses dão a impressão de estarem acostumados), uma trama interessante, momentos que nos fazem rir (mas não deles), uma pitada aqui e ali de dramas pessoais. E há ainda várias tentativas de manipulação tanto da verdade como de outras pessoas. De uma certa forma, a solução do mistério nos é mostrada antes do episódio final, mas não estraga nada.
A fotografia segue bem o espírito da trama (e do país): praticamente não há um dia de sol, muito verde, mas muito cinza também, texturas mais suaves em cenas internas e mais duras com os elementos naturais. Uma série boa para se assistir no inverno.