Quando li a sinopse de Justiceiras, logicamente me lembrei de Pacto Sinistro, de Alfred Hitchcock. Para quem não conhece o clássico, está no HBO Max, e vale a pena. O princípio é simples. Dois homens que não se conhecem se encontram num trem. Resolvem então efetuar dois crimes perfeitos. Ou seja, matar uma pessoa que atrapalha a vida do outro. Como não tem vínculo algum, não haverá pontos em comum. Justiceiras é mais ou menos isso – sem a parte da morte. Se passa no ensino médio, e o objetivo é a vingança com quem fez bullying de alguma forma com as duas protagonistas.
Drea (Camila Mendes) está no auge de sua popularidade no ensino médio. Só que sua vida vira de cabeça pra baixo, depois que uma gravação íntima vaza para toda a escola. Seu namorado Max (Austin Abrams) é aparentemente o culpado. Do dia para a noite, Drea vira uma isolada total da escola. Já seu agora ex-namorado não teve nenhuma consequência em sua popularidade. Em um acampamento de tênis de verão em Palm Beach, ela conhece a estudante transferida Eleanor (Maya Hawke). Esta ainda está furiosa com um boato iniciado anos atrás, quando tinha 13 anos, pela sua até então amiga Carissa (Ava Capri). Após um encontro inusitado, Drea e Eleanor formam uma amizade improvável e secreta. E as duas se unem para se vingar de seus inimigos. Elas começam então a colocar um plano em ação para que fazer justiça a elas mesmas e outras pessoas que sofreram bullying na escola.
O que achei de Justiceiras?
Além de Pacto Sinistro, o filme tem pontos em comum com vários filmes de colegiais. Desde Patricinhas de Beverly Hills, passando por Meninas Malvadas, até Atração Mortal. Há todos os ingredientes: o grupo das populares, as roupas exageradas, as festas que parecem casamentos. Isso sem contar o bullying que é o ponto central. No elenco, estão estrelas clássicas do gênero. Camila Mendes é de Riverdale, Maya Hawke (cada vez mais parecida com a mãe, Uma Thurman), de Stranger Things. E, é claro, Sarah Michelle Gellar, de Buffy e Segundas intenções, em uma participação pequena, mas mais do que especial.
Justiceiras, entretanto, é um tanto longo demais, com suas duas horas de duração. Apresenta um humor que denuncia preconceito, bullying, injustiças, machismo. Poderia ser um grande clássico do gênero. Mas não funcionou como eu esperava. Claro, há algumas reviravoltas interessantes (um pouco demais talvez), especialmente na meia hora final. Mas é tão surreal, especialmente a ideia de uma amizade que sobreviveria a tantas mentiras. Tanto Drea quanto Eleanor são más e insuportáveis. Só mesmo o carisma das atrizes para provocar algum tipo de empatia com os personagens. O final , especialmente para mim, é a parte menos eficiente do filme. Para quem, como eu, já sofreu bullying na escola – muito -, o filme dá uma certa raiva. Para quem não, pode até ser uma certa diversão.