Divulgaram bastante por aí que Agente Oculto foi o filme mais caro da Netflix. Só na produção foram mais de 200 milhões de dólares. E você enxerga todo esse investimento durante o filme inteiro. São várias locações tanto na Europa como na Ásia. Explosões e cenas de perseguição a todo o momento. Um elenco all-star, com muitas caras conhecidas do mundo inteiro – como Wagner Moura, por exemplo – fazendo participações curtíssimas. E ainda se baseia no primeiro livro de uma coleção de best-sellers. A ideia é que seja uma franquia, com as várias aventuras de Sierra Six. Algo para concorrer com James Bond, Missão Impossível e Jason Bourne.
É o primeiro filme dirigido pelos irmãos Russo depois de Vingadores: Ultimato. Conta a história agente da CIA Court Gentry (Ryan Gosling), também conhecido como Sierra Six. Ele foi tirado de uma penitenciária federal e recrutado por Donald Fitzroy (Billy Bob Thornton). Gentry tinha como função espalhar a morte com o aval da agência norte-americana. Porém, numa reviravolta do destino, Six tornou-se agora o alvo. E passa a ser perseguido pelo mundo pelo sociopata Lloyd Hansen (Chris Evans). Felizmente, Six conta com a ajuda preciosa da agente Dani Miranda (Ana de Armas).
O que achei?
Na verdade, Agente Oculto é um monte de cenas de ação entremeadas por um filme (é isso mesmo, ao contrário do que se espera). E algumas delas são realmente sensacionais, especialmente a da praça em Praga. Outras são meio confusas, como a do avião, onde você tem alguma dificuldade de entender o que está acontecendo. Mas há pouco desenvolvimento de uma história. E menos ainda dos personagens. O início é um pouco chatinho (me deu sono), mas fica melhor após a primeira hora (o filme tem 2h2m).
Há maravilhosas cenas de paisagens locais, castelos e construções que, claro, acabam sendo destruídos no meio da ação contínua. E no final , o filme segue uma cartilha que já vem sendo usada por Arnold Schwarzenegger há mais de 40 anos. Um cara desiludido com a vida acaba sendo perseguido porque viu demais. Mas ele é boa gente, gosta de crianças. Tem uma parceira (sem ser romântica) que o ajuda e é tão durona quanto ele. E o cara que o persegue é quase um vilão de desenho animado. A inspiração clara de Chris Evans foi Dick Vigarista, rsrs.
Com isso tudo, percebe-se que o filme tem muita forma e pouco conteúdo. E isso fica mais claro ainda com a cara de paisagem de sempre de Ryan Gosling. As fãs que me desculpem, mas não acho que ele é bom ator e nem um homem particularmente bonito. Seu Six parece tão vazio quanto ele. Regé-Jean Page continua com pinta de duque, e pouco tem o que fazer. E a coitada da Ana de Armas, assim como no último 007, mereceria um filme de ação só seu. Porque ela é linda, boa atriz e tenta tirar leite de pedra com sua personagem Dani. Outra que se destaca no final é a menina Julia Butters, como Claire. Assim como em Era uma Vez em Hollywood, ela rouba todas as cenas em que aparece.
E no final…
É claro que nada disso importa. Agente Oculto vai ser um estrondoso sucesso, vai ter sequências, e ninguém vai dar a mínima importância à falta de história ou a atuação fraquinha de Ryan Gosling.